
O governo do Maranhão está pagando R$ 621,90 por um tablet, enquanto, no Ceará, o governo estadual adquiriu esses equipamentos em 2025 por R$ 439,00.
A empresa fornecedora em ambos os estados é a Multilaser Industrial, de Minas Gerais.
Se os tablets fossem comprados pelo valor praticado no Ceará, o governo do Maranhão economizaria mais de R$ 44 milhões.

O valor total da compra de tablets pelo governo do Maranhão é de R$ 150.751.047,60 (cento e cinquenta milhões, setecentos e cinquenta e um mil, quarenta e sete reais e sessenta centavos).
Serão mais de 242 mil tablets a serem entregues a estudantes da rede pública estadual de ensino.
A denúncia
O assunto sobre o preço dos tablets veio a público por meio do deputado estadual Rodrigo Lago (PCdoB), na segunda-feira (25/08), em seu perfil no Instagram. Ele classificou o caso “como um superfaturamento”.
No dia seguinte, o parlamentar utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa para reafirmar as denúncias, apresentando os contratos firmados pelos governos do Maranhão e do Ceará com a Multilaser Industrial.
Primeira resposta
No mesmo instante em que Rodrigo Lago falava na Assembleia, na terça-feira (26/08), por volta das 12h30, o governador do Maranhão Carlos Brandão publicou em seu perfil no Instagram uma resposta rebatendo a denúncia.
Brandão assinou um comunicado garantindo que tudo foi feito de forma correta. Ele afirmou que o preço praticado no Ceará estaria defasado e que o produto adquirido no Maranhão seria de melhor qualidade.

Cadê as informações da licitação?
O deputado Rodrigo Lago informou que buscou os dados relacionados à licitação por meio da Lei de Acesso à Informação.
O parlamentar apresentou na tribuna o documento que protocolou há mais de três meses, em 15 de maio, solicitando a íntegra do processo administrativo da licitação.

Até o momento, o governo do Maranhão ainda não respondeu. “Não sei o que estão escondendo”, disse Rodrigo Lago na tribuna da Assembleia.
O que diz o governo?
A Agência Tambor entrou em contato com o governo do Maranhão para ouvir o outro lado.
Foram feitas perguntas sobre a solicitação do deputado via Lei de Acesso à Informação, sobre a disponibilidade dessas informações à sociedade e sobre a necessidade de publicar esses dados no Portal da Transparência.
A resposta
O governo do Maranhão respondeu com a seguinte nota:
“A Secretaria de Estado da Administração (Sead) esclarece que as informações sobre o referido pregão eletrônico são públicas e podem ser consultadas por meio de consulta publica no Portal do Governo.
E agora?
Diante de uma compra de mais de R$ 150 milhões feita com dinheiro público, é imprescindível que o governo do Maranhão disponibilize todas as informações relativas à licitação. É fundamental que elas sejam amplamente divulgadas.

A Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) determina que “é dever do Estado garantir o direito de acesso à informação”, por meio de “procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão”.
Já a Lei das Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021) estabelece a transparência como pilar central nas compras e contratações públicas no Brasil.
Sendo assim, é importante, inclusive para o governo de Carlos Brandão, tornar pública a íntegra do processo administrativo da licitação que autorizou a compra dos tablets.