Skip to main content

Povo Akroá Gamella denuncia violações e reforça proteção espiritual do território na Baixada Maranhense

O povo Akroá Gamella se mobilizou para denunciar violações aos seus direitos e defender a integridade de seus territórios

O povo Akroá Gamella, da Terra Indígena Taquaritiua, no Maranhão, convoca seus encantados para proteger os campos e corpos hídricos da sua região. Representantes estiveram entre terça (25) e quarta-feira (26) em uma série de mobilizações para denunciar violações aos seus direitos e defender a integridade de seus territórios, rios e espaços sagrados. As ações também reafirmam a força da ancestralidade e da espiritualidade do povo.

Na tarde de terça-feira (25), lideranças e comunitários se reuniram no trecho onde a empresa Equatorial Maranhão tenta avançar com a instalação da linha de transmissão Miranda/Três Marias. O empreendimento, segundo o povo, está sendo conduzido sem a realização da consulta livre, prévia e informada — direito assegurado pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário.

Já nesta quarta-feira (26), a mobilização se deslocou para o Rio Piraí, onde o povo Akroá Gamella mantém vigília. O rio e seu entorno vêm sendo gravemente afetados pela expansão irregular da criação de búfalos, pertencentes a uma fazenda instalada nas proximidades. O impacto da atividade ameaça diretamente pontos sagrados fundamentais à cosmologia do povo, como Punção das Flores, Matia, Lião, Jaibara e Punção da Faveira.

A presença dos animais, que pisoteiam áreas de mata e ampliam processos de assoreamento e poluição, tem comprometido não apenas o equilíbrio ambiental, mas também a dinâmica espiritual do território. Para o povo, a destruição desses espaços representa uma agressão ao “Bem Conviver” — princípio que guia sua relação com os rios, os campos e todo o modo de ser Akroá Gamella.

“Tem que haver a consulta prévia. A gente vai continuar se manifestando. Decidimos ir para esses espaços sagrados para cantar, rezar, convocar os encantados. O espaço sagrado tem várias encantarias”, afirma uma das lideranças, destacando que a proteção territorial é também um compromisso espiritual.

As mobilizações reforçam que nenhum empreendimento ou atividade econômica pode se sobrepor aos direitos constitucionais que garantem aos povos indígenas a posse permanente de suas terras e o respeito às suas formas próprias de organização, espiritualidade e decisão coletiva. Para o povo Akroá Gamella, seguir em luta é também preservar a vida de seus rios, seus encantados e suas gerações futuras.

Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x

Acesso Rápido

Mais buscados