Os peixes que vivem nas águas que cercam a ilha de São Luís estão contaminados por metais pesados, especialmente mercúrio. Comer esses peixes atualmente representa um risco a saúde humana.
Um artigo publicado neste ano de 2024 – disponível nos anais da Academia Brasileira de Ciências e assinado por sete pesquisadores – tratou exatamente sobre a concentração de mercúrio em peixes comercializados em São Luís.
(Veja ao final do texto quem são os autores do artigo)
A informação sobre o artigo chegou ao conhecimento da Agência Tambor através do advogado Guilherme Zagallo, membro do Movimento de Defesa da Ilha.
(Vejam abaixo a entrevista de Guilherme Zagallo no Jornal Tambor)
A pesquisa registrou riscos no consumo de Pescada Amarela, Corvina e outras sete espécies de peixes.
Existe uma diferenciação no consumo de peixes e problemas entre crianças e adultos. Mas ambos correm riscos.
A contaminação dos peixes comercializados na Ilha ainda está um pouco abaixo do limite máximo estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estando bem próxima ao limite estabelecido pela Agência Ambiental Norte-Americana.
O problema é o consumo médio elevado na cidade de São Luís. O peixe faz parte da dieta alimentar da Ilha.
E é considerando o alto nível de consumo de peixes em São Luís, que o risco à saúde da população aumenta muito. O mercúrio resulta na intoxicação de pessoas, podendo causar inclusive câncer.
“Ou interrompemos esse ciclo de contaminação em São Luís ou nós teremos que reduzir o consumo de peixe”, avaliou Guilherme Zagallo.
A solução do problema
O mercúrio presente nas águas de São Luís tem origem principalmente na queima de carvão mineral e outros combustíveis fósseis.
Apenas três empresas têm licenças para desenvolver atividades com queima de carvão mineral na ilha de São Luís: Eneva, Alumar e Vale.
A queima do carvão poluí incialmente o ar. São Luís é hoje provavelmente a cidade com o ar mais poluído do Brasil, exatamente por conta da elevadíssima queima de carvão mineral existente na ilha.
É inacreditável, mas o ar de São Luís é atualmente muito, muito, muito, muito mais poluído que o da cidade de São Paulo.
A queima de carvão mineral em São Luís precisa ser reduzida urgentemente!
Os licenciamentos ambientais precisam ser revistos. A solução do problema passa exatamente por aí.
O problema da poluição em São Luís é gravíssimo e exige responsabilidade dos agentes e autoridades públicas, começando pelo governador do Estado, pelo prefeito de São Luís e por todos parlamentares das “nossas” diferentes casas legislativas.
Seguem as denúncias
O Movimento de Defesa da Ilha (MDI); que reúne inúmeras pesquisas e informações tratado do problema; lançou recentemente uma carta reforçando as denúncias. O enunciado da carta é “Parem de nos matar!”.
O assunto da última entrevista que fizemos com Guilherme Zagallo, onde ele informou sobre a contaminação dos peixes de São Luís, foi exatamente o conteúdo da carta do MDI
As empresas poluentes são bilionárias. Esta é a questão! Uma montanha de dinheiro concede a elas licença para matar?
Essa barbárie social e ambiental passa por corrupção? O que falta para o grave problema da poluição em São Luís seja enfrentado com a responsabilidade necessária?
Vejam abaixo os autores do artigo que trata do mercúrio presente nos peixes de São Luís
Leia também: Parem de nos matar! Movimento lança carta denunciando calamidade ambiental em São Luís!
Jorge Luiz Silva Nunes – É oceonógrafo, professor do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mestre e doutor em Oceanografia.
Luiz Drude de Lacerda – É biólogo, membro titular da Academia Brasileira de Ciências, professor da Universidade Federal do Ceará com pesquisas da área de biogeoquímica e contaminação ambiental, integrando do quadro da Future Earth Coast Academy, uma organização internacional de pesquisa sobre zonas costeiras.
Luís Victor Moraes de Moura – É médico, orientando do Laboratório de Pesquisa em Imunopatologia da Universidade Federal do Maranhão, membro da equipe de pesquisa do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS).
Rayone Wesly Santos de Oliveira – É químico, doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos, mestre em Oceanografia, com pesquisa desenvolvida na linha de Dinâmica de Sistemas Costeiros e Oceânicos.
Arlan Silva Freitas – É químico, doutor em Ciência Animal, mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Moisés Fernandes Bezerra – É engenheiro de pesca, mestre em Ciências Marinhas, Ph.D em Ecologia, pesquisa entre outros assuntos sobre biogeoquímica do mercúrio e megafauna marinha.
Kevin Luiz C. Carmo – É estudante de Oceanografia na Universidade Federal do Ceará, pesquisa sobre quantificação de mercúrio em organismos aquáticos.
(Vejam abaixo o Jornal Tambor, do último dia 29 de abril, com a entrevista de Guilherme Zagallo)