Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho*
07/08/2021
Intelectual brasileiro mais lido no exterior, detentor de 35 títulos honoris causa e autor de Pedagogia do Oprimido, a terceira obra mais citada em trabalhos das áreas de humanidades em todo o mundo.
Paulo Freire, o patrono da educação brasileira, completaria 100 anos de idade no dia 19 de setembro. Para comemorar o seu centenário, a Universidade Federal do Maranhão preparou uma série de eventos virtuais. Na última quinta-feira (5/8), o Jornal Tambor conversou com a professora Dulce Ferreira sobre o assunto.
VEJA ABAIXO A ENTREVISTA
A programação da UFMA em homenagem a Paulo Freire foi lançada sexta-feira (6/8), às 19h, no canal da Universidade no Youtube.
O campus de Imperatriz está preparando diversos círculos de cultura com rodas de conversa sobre as obras do pedagogo.
Em Bacabal, do dia 27 ao dia 29 de setembro, será realizado um seminário com o tema ‘’Resistências e utopias na construção de uma educação como prática de liberdade’’
E em São Luís, entre os dias 3 e 5 de novembro, com o apoio da FAPEMA e presença confirmada de Nita Freire, viúva do pedagogo, a UFMA promoverá o Encontro Nacional de Diálogos Freirianos com o tema ‘’Centenário de Paulo Freire: dialogicidade e educação, entre lutas e amorosidades’’
Além de homenagear Paulo Freire, a programação da UFMA é uma resposta diante dos ataques que o educador vem sofrendo nos últimos anos de determinados setores da sociedade brasileira.
Dulce Ferreira acredita que esse movimento acontece em contraposição a um avanço da política necrófila, que aceita e investe na morte. ‘’A pedagogia de Paulo Freire é oposta, é biófila, em defesa da vida’’ reiterou.
Além da necropolítica, as ideias de Paulo Freire se encontram na luta contra o que a professora chamou de ‘’necropedagogia’’, ancorada em professores que não tem consciência do seu papel social e atuam para o silenciamento, contribuindo para o que Freire chamava de ‘’educação bancária’’, modelo que vê os professores como detentores de todo o conhecimento e trata os alunos como seres acríticos, depósitos de ideias.
Em relação ao incomodo que Paulo Freire gera em alguns segmentos, Dulce afirmou que o pedagogo sempre defendeu a educação como um ato político, relacionada a formação da consciência crítica, do debate, da problematização e da liberdade.
‘’Tudo isso a partir do diálogo, do respeito aos saberes do educando e do respeito à singularidade’’. Uma pessoa educada nessa perspectiva incomoda, porque ‘’não faz parte do rebanho e pensa criticamente’’ ressaltou Dulce.
Mas o desconforto gerado por Paulo Freire não é novidade. O pernambucano foi acusado pela ditadura militar de ser ‘’um dos maiores responsáveis pela subversão dos menos favorecidos’’ a partir das suas obras e principalmente do seu plano de alfabetização. Esteve exilado entre 1964 e 1980 e escreveu no Chile, em 1968, a sua principal obra: A Pedagogia do Oprimido.
O livro já foi traduzido para 23 idiomas, sintoma do reconhecimento mundial de Paulo Freire, autor que ‘’deve ser visto com orgulho, como um ancestral da nossa educação e da nossa história’’ destacou a professora.
Dulce Ferreira finalizou comemorando as diversas homenagens previstas para o centenário de Paulo Freire e reforçou: o movimento em torno da pedagogia do patrono da educação brasileira continua vivo.
*Com edição de Emilio Azevedo
Você pode assistir, em nosso canal do YouTube, a edição completa do Jornal Tambor, com a entrevista da professora Dulce Ferreira.
https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ
Você pode ouvir, pela plataforma Spotify, a entrevista que a professora Dulce Ferreira, concedeu ao Jornal Tambor: