
São Luís recebe a 5ª edição da Mostra Investigativa de Dança – Midança com oficinas, espetáculos e performances. Entre os dias 26 e 30 de agosto, o evento acontece em espaços diferentes da capital maranhense e todos com acesso gratuito ao público.
Co-realizada pelo Núcleo Atmosfera (NUA), a Midança celebra duas décadas de atuação do grupo independente, que soma mais de 40 obras no repertório artístico. “São 20 anos de resistência, de acreditar na arte e na força da cultura. Queremos compartilhar essa história com a comunidade, valorizando a diversidade de corpos e expressões”, destacou o ator, diretor e professor de dança contemporânea Leônidas Portella, coordenador do NUA.
Leônidas esteve no programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, falando sobre o assunto.
[Confira entrevista na íntegra ao final desta matéria.]
Criada em 2011, a mostra surgiu a partir das experiências pedagógicas de Portella em sala de aula. “Sempre busquei que o aluno investigasse o próprio corpo e o próprio movimento. Muitas vezes, o que não virava espetáculo ficava apenas como processo. A Midança nasceu para dar visibilidade a essas investigações, metodologias e procedimentos artísticos”, explicou.
A programação contará com oficinas em comunidades, escolas e espaços culturais de São Luís. Entre os destaques, estão a oficina de Danças das Índias e Índios, com integrantes do Bumba Meu Boi da Floresta, e a oficina “Agora Brincante”, com a artista Larissa Ferreira, que iniciou sua trajetória ainda criança no Núcleo Atmosfera. “Acreditamos na troca de saberes. Muitos integrantes da companhia vieram dessas oficinas e hoje são produtores e artistas reconhecidos”, reforçou Portella.
A curadoria da mostra selecionou mais de 25 trabalhos, conduzida pelos artistas Tier (MA), Ubiratã (BA) e Ireno (PI). Os encontros incluem também os chamados “Encontros Atmosféricos”, rodas de conversa que promovem reflexões sobre dança, cultura popular e arte contemporânea.
Na cerimônia de abertura, marcada para o dia 26, às 18h30, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton, Leônidas apresentará a performance “Exu”, em diálogo com a ancestralidade e a cultura afro-brasileira. “Exu abre caminhos. Minha trajetória na arte também foi assim, de abrir espaços para que outros artistas pudessem se reconhecer e seguir seus percursos”, afirmou.

Além da programação em São Luís, o NUA segue circulando pelo país com montagens como “Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo”. Para Leônidas, o festival reforça a necessidade de incentivo à produção local. “Já era para estarmos na oitava edição da Midança, mas, pela falta de apoio, tivemos que interromper algumas vezes. Mesmo assim, seguimos resistindo e acreditando no potencial dos artistas maranhenses”, disse.
A Mostra Investigativa de Dança busca também fortalecer parcerias regionais. Este ano, grupos do Piauí e do Ceará integram a programação, ampliando a rede de trocas artísticas no Nordeste. “A maior potência cultural do Brasil está no Nordeste, e precisamos valorizar esses elos”, ressaltou o artista.
Convidando o público a prestigiar o evento, Portella reforçou o caráter coletivo da mostra: “A Midança é feita por muitas mãos, todas comprometidas em entregar à comunidade o melhor da nossa arte. Venham participar, trocar olhares e pensar a dança conosco”.
Confira a programação completa no Instagram do Núcleo Atmosfera.
Confira a entrevista com Leônidas Portella no programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.