Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho
14/07/2021
Fotos: Divulgação
No dia 25 de março, uma barragem da empresa canadense Equinox Gold rompeu em Godofredo Viana (MA). A lama com rejeitos de mineração contaminou rios e lagoas e interrompeu o abastecimento de água na comunidade de Aurizona, na região onde a mineradora opera.
Nesta terça-feira (13), o Jornal Tambor conversou com Daiane Lima, liderança de Aurizona, e Dalila Calisto, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), sobre os prejuízos socioambientais causados pela Equinox Gold.
VEJA ABAIXO A ENTREVISTA
Logo após o rompimento da barragem, a estrada que dava acesso a Godofredo Viana foi bloqueada pela lama e o abastecimento de água dos quatro mil moradores da comunidade de Aurizona foi interrompido.
‘’Antes nós tínhamos água 24 horas’’ conta Daiane Lima. Agora, a água chega as torneiras de maneira inconstante a partir das 5:30h e das 18h.
Alguns moradores relatam coceiras após ter contato com a água. Daiane Lima cobrou uma avaliação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e afirmou que o órgão ‘’está colocando uma venda nos olhos’’, porque ‘’aqui [Aurizona], todo mundo sabe que a água está contaminada’’
A mineradora se instalou em Aurizona em 2009. A região detém uma das maiores reservas de ouro do mundo.
A utilização de substancias poluentes para a exploração do minério, a contaminação dos rios e as explosões nas minas que provocam rachaduras nas casas são alguns dos prejuízos socioambientais presentes em Aurizona.
Em 2020, o lucro líquido da Equinox Gold com operações de minas foi de cerca de R$1,5 bilhão.
No dia 28 de abril, na tentativa de abrir uma negociação com a Equinox Gold, moradores de Aurizona fizeram um protesto de mais de 14 horas na estrada que dá acesso à comunidade.
Na ocasião, Maria Aldineia e Maria Valdiene foram presas. Elas duas, além de Daiane Lima e Dalila Calisto, respondem processo judicial e são acusadas de impedir os carros-pipas da mineradora de adentrarem a comunidade.
Segundo Daiane Lima, a empresa chegou a pedir na justiça a proibição de manifestações em Aurizona.
Dalila acrescentou que ‘’os acordos que a mineradora fez com a comunidade ainda não foram cumpridos’’ e reforçou que ‘’o abastecimento de água ainda não está regularizado’’.
A representante do MAB comentou ainda que ‘’a mineradora tem um controle muito forte na região e tem conchavos com as elites locais’’. Ela reiterou que ‘’os manejos judiciais da Equinox Gold são utilizados para perseguir’’ e que ‘’a empresa tenta censurar os moradores para acabar com a possibilidade de atender os direitos dos atingidos’’.
Daiane Lima ressaltou que a comunidade de Aurizona não vai ser intimidada pelos processos judiciais.
Dalila Calisto finalizou: ‘’quem deveria estar sentado no banco dos réus é a mineradora, e quem está sendo colocado lá somos nós’’.
A Agência Tambor está tentando ouvir a versão da empresa, diante de denúncias tão sérias.
Assista abaixo a edição completa do Jornal Tambor, com as denúncias do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), contra a mineradora Equinox Gold.
https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ
Ouça abaixo, na Plataforma Spotify, a entrevista das militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), para o Jornal Tambor: