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Maranhão! Quilombolas clamam por socorro!

Casas foram queimadas, no quilombo Marmorana/Boa Hora III, em Alto Alegre do Maranhão.

Uma comunidade quilombola do município de Alto Alegre do Maranhão, com mais de trinta famílias, vem fazendo graves denúncias contra Antônio Márcio de Sousa Oliveira, dono loja Exata Magazine.

Entre os diferentes problemas, eles estariam sendo impedidos de trabalhar, sem poder acessar a terra onde eles fazem suas roças.

Para falar sobre a situação o Jornal Tambor, de segunda-feira (08/05), ouviu Raimunda Nonata Costa da Silva e Jesusmar Costa da Silva. Os dois são diretores da Associação de Produtores e Produtoras Rurais do território quilombola.

(Veja, ao final deste texto, a edição do Jornal Tambor com a entrevista de Raimunda Nonata Costa da Silva e Jesusmar Costa da Silva)

Poço da comunidade foi soterrado

O território chama-se Marmorana/Boa Hora III. E os quilombolas enfatizam que se trata de “uma comunidade centenária, certificada pela Fundação Palmares”, que teria “sido invadida por Antônio Márcio, há um ano”.

Segundo a denúncia – que já gerou vários boletins de ocorrência na Polícia contra o denunciado – “além da invasão, a comunidade estaria sendo vítima de ataques violentos”.

A denúncia trata de casas queimadas, roças destruídas, reservas desmatadas, poço entupido, açude cercado. Os quilombolas afirmam que “homens armados teriam sido utilizados para intimidação, além de drones”.

No caso das casas queimadas, uma das moradoras era uma grávida de seis meses. Eles também relatam casos de ameaças com armas de fogo apontadas para a cabeça de moradores.

A denúncia chegou ano passado para Agência Tambor. Recebemos agora a informação que o problema ainda está sem solução. O caso está judicializado na esfera federal. E várias organizações sociais vêm tratando do assunto, que também circula fora do Maranhão.

Leia também: Direito originário! Povo Tremembé luta pela demarcação de terra.

Armas apontadas e sem trabalho

Na entrevista concedida segunda-feira (08/05), Raimunda Nonata expôs que “o fazendeiro está impedindo que os quilombolas cultivem suas terras. E isso impossibilita a sobrevivência dessas comunidades”, que se sustentam da agricultura.

Ela também afirmou que o Antônio Márcio colocou placas escritas com a frase “propriedade privada”, no território.

“A gente fica com medo, temos sempre que andar em grupo”, disse ela. “As crianças estão traumatizadas por conta dessa pressão que estamos sofrendo. Nós queremos que alguém tome providência sobre isso, para que a gente tenha a nossa liberdade para trabalhar em paz e com segurança”, afirmou a trabalhadora rural.

Placa em território quilombola indica uma “propriedade particular”.

Para Jesusmar Costa, essa situação “é um terror” porque coloca em risco a vida de muitas famílias.

“Nós queremos que as autoridades tragam uma solução. Está sendo muito difícil”, expôs Jesusmar. “Ficamos com medo de entrar em nossos roçados porque eles apontam as armas para a gente. Estamos sem trabalhar, precisamos colocar comida na mesa”, relatou o agricultor.

O outro lado

Desde segunda-feira (08/05), dia da entrevista com os quilombolas, a Agência Tambor tentou ouvir a versão do empresário Antônio Márcio de Sousa Oliveira. Buscamos contato, inicialmente, por intermédio da empresa Exata Magazine.

Em seu perfil em uma rede social, a empresa respondeu que Antônio Márcio “não tem nenhum tipo de envolvimento com o caso” e que ele retornaria para falar da situação.

Após um tempo, Antônio Márcio fez contato conosco. Ele passou o fone de uma pessoa, informando que seria seu advogado. E disse que deveríamos entrar em contato com ele.

Fizemos contato através da loja Exata Magazine, localizada em São Mateus do Maranhão.

No dia seguinte, enviamos nova mensagem para Antônio Márcio. Explicamos detalhadamente a situação, listamos os fatos e ao final dissemos:

“Queremos saber a sua versão sobre essas graves acusações. Se for o seu advogado que vai passar essa versão, por favor, peça pra ele nos enviar. Queremos ouvir o outro lado, garantindo o seu direito de se manifestar”.

Antônio Márcio respondeu essa mensagem. Ele disse:

“Hoje pela manhã deixei mensagem em número informado”. E ele completou: “Tenho total interesse em esclarecer essas acusações absurdo” (sic).

Esperamos por mais 72 horas e não tivemos retorno. O espaço está aberto para que Antônio Márcio possa enviar sua versão sobre as graves denúncias.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Raimunda Nonata Costa da Silva e Jesusmar Costa da Silva.)

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