Fonte: Agência Tambor
O coletivo Fóruns e Redes da Cidadania e comunidades de 16 municípios do Maranhão fizeram na tarde da última segunda-feira (16) um julgamento popular das autoridades públicas de Arari por considerarem arbitrárias e injustas as prisões de quatro lideranças camponesas do município, ocorridas na sexta-feira (13). O evento aconteceu no Sindicato dos Bancários, no Centro de São Luís. Pela manhã, o grupo foi às ruas em manifestação.
A mobilização foi um posicionamento das comunidades contra as prisões, as supostas ameaças que sofrem e a criminalização das lideranças por parte dos agentes públicos que, segundo o Fóruns, “abrem procedimentos, instauram processos e decretam prisões agindo em defesa do latifúndio”.
As lideranças em questão foram presas na manhã da sexta-feira (13), na comunidade de Flecheiras do município de Arari, no Maranhão. Os mandados de prisão preventiva de Emilde Diniz, Edilson da Silva, Joel Dutra e José Laudivino foram expedidos pela Comarca de Arari – e acontecem enquanto a comunidade está em conflito com grileiros por seu território tradicional.
Segundo testemunhas, sete viaturas e cerca de 30 policiais militares chegaram nas residências dos líderes entre as 4 e 5h20 da manhã daquele dia. Os militares entraram nas casas de dois deles para detê-los; enquanto os outros dois foram autuados na porta de casa. Anteriormente, outros cinco habitantes de Flecheiras haviam sido presos por 70 horas pela mesma causa.
Conflito em Arari
A área correndo risco de grilagem faz parte da Amazônia Legal e foi decretada em 1991 uma Área de Proteção Ambiental (APA). Desde então, a responsabilidade de preservá-la cabe à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA). O conflito em questão se iniciou quando fazendeiros cercaram parte da terra, impedindo os camponeses de exercer certas atividades como a criação de gado e o trânsito a canoa.
Por se tratar de uma APA, moradores de Flecheiras formalizaram denúncias, mas, de acordo com eles, nunca obtiveram retorno por parte do Estado. Então, como reação, resolveram derrubar o cercado, o que teria motivado as prisões.