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M8 – O Brasil grita no cinema

Da Agência Tambor 
Por Emilio Azevedo 
01/03/2021

O passado, o presente e o futuro do Brasil passam pelo que está posto no filme “M8 – quando a morte socorre a vida”, disponibilizado na Netflix, desde o dia 25 de fevereiro.

A história trata da identidade de um jovem negro, estudante de medicina no Rio de Janeiro, com um cadáver utilizado em aulas de anatomia.

A partir do filme, podemos refletir sobre questões inquietantes relacionadas à existência ou não de um “povo brasileiro” ou sobre os fatores que mais corrompem nossa sociedade. Cada personagem, por menor que seja sua participação nesse filme, pode nos levar a uma reflexão sobre os principais problemas do Brasil.

O diretor é o cineasta Jeferson De, hoje com 53 anos, nascido em Taubaté, cidade do interior de São Paulo, onde fica o Museu de Mazzaropi. Discípulo de Zózimo Bulbul, ele é um intelectual necessário, autor do manifesto Dogma Feijoada, ganhador de um Emmy, dirigiu um filme sobre a vida de Luiz Gama e tem seu trabalho exibido em festivais como o de Berlim.

O ator que interpreta o personagem principal – Maurício, o estudante de medicina – é Juan Paiva. Entre os inúmeros coadjuvantes estão Zezé Motta e Lázaro Ramos. Destaque para Mariana Nunes no papel de Cida, a mãe de Maurício. A luta de mulheres negras atravessa a trama.

Em entrevista ao canal Na Cachola, para a jornalista Alinne Prado, em 2018, quando o filme estava sendo feito, Jefferson De diz que esse trabalho “é um grito”, fazendo parte de um processo secular de dor, resistência e solidariedade.

Hoje, é comum se ouvir que o Brasil está dividido ou que o ódio transbordou. E qual origem dessa situação? Onde começou a violência? Os conflitos? A ira? A intolerância? O ambiente tóxico? A exaltação da tortura? O Estado brasileiro está em guerra? Há quanto tempo? Contra quem? Por que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil? Por que o combate ao racismo incomoda? O que é racismo estrutural? Quem quer saber disso? Que Brasil é esse onde falar em justiça social é como se tivesse propondo revolução comunista? Qual tem sido o papel da Igreja ao longo de 500 anos?

“M8 – quando a morte socorre a vida”, filme inspirado no livro homônimo, de autoria de Salomão Polak, pode contribuir com essas respostas ou estimular outros questionamentos. Basta querer refletir sobre suas mensagens e, principalmente, ouvir seu grito de dor.

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