
Foi lançada, no último 7 de agosto, a Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas Periferias do Maranhão, uma ação que pretende transformar a realidade de milhares de pessoas que ainda não tiveram acesso à leitura e à escrita.
O projeto é resultado da parceria entre o Mãos Solidárias, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Ministério da Educação, com apoio de movimentos sociais do campo e da cidade, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Entre as inspirações do projeto estão o legado de Maria Aragão e de Paulo Freire.
Médica e comunista, a maranhense Maria Aragão sempre investiu na formação como base fundamental para a organização e emancipação da classe trabalhadora.
Ao falar de Maria Aragão, Heitor Sales afirma: “A alfabetização é um instrumento de emancipação, mas também de fortalecimento comunitário”. Heitor é militante do Mãos Solidárias e integrante do Levante Popular da Juventude, organizações envolvidas na Jornada, e participou do programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, falando sobre a iniciativa.
[Confira a entrevista na íntegra ao final desta matéria.]
O projeto também dialoga profundamente com a pedagogia de Paulo Freire, que propõe círculos de arte e cultura como forma de ampliar o aprendizado e a consciência social.
A iniciativa contará com 150 turmas no Estado — 100 em São Luís e 50 em Imperatriz — e visa alfabetizar 2.620 pessoas, especialmente moradores de periferias urbanas. “A leitura e a escrita são portas de entrada para muitos direitos. Queremos que as pessoas se organizem para lutar por eles. Não é só ensinar a ler e escrever, é criar consciência crítica e fortalecer a luta coletiva”, explica Heitor.
O projeto nasce com foco em enfrentar um problema ainda grave no Maranhão: o analfabetismo, que atinge 6,9% da população de São Luís e índices ainda maiores em Imperatriz.
Além do MST, a Jornada reúne organizações como o Movimento Brasil Popular, a União por Moradia Popular e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração. A articulação também envolve experiências anteriores, como o uso da metodologia cubana Sim, Eu Posso, que já alfabetizou mais de 22 mil pessoas no interior do Estado.
Para Heitor, a educação popular também é uma ferramenta contra os ataques à democracia e ao diálogo. “Vivemos um tempo em que as redes sociais criam bolhas e dificultam a conversa. Nosso trabalho é construir pontes, ouvir as pessoas e entender suas necessidades concretas”, afirma.
O Mãos Solidárias convida a população a apoiar o projeto, seja por meio de doações de materiais, seja participando das atividades. “Às vezes precisamos de um data show, de uma TV, e nem sempre conseguimos. Quem quiser se somar pode nos procurar pelo Instagram @maossolidariasmaranhao e entrar em contato”, orienta.
Além da alfabetização, a organização desenvolve ações em áreas como saúde, economia popular, cultura e alimentação, incluindo cozinhas e jantares solidários em territórios vulneráveis.
Veja a entrevista completa com Heitor Sales exibida no programa Dedo de Prosa.