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Grupo Ka’apor do Tuxa Ta Pame fortalece luta pela autonomia e barra avanço de projeto de carbono

Dentro da terra indígena, 530 mil hectares floresta protegida; do lado de fora, destruição Imagem: Ruy Sposati/Repórter Brasil/2022

A Terra Indígena Alto Turiaçu mantém a empresa Wildlife Works Brasil (WWC) afastada de sua região. As atividades da organização seguem suspensas por determinação da Justiça Federal, em nova sentença proferida em 29 de agosto de 2025. A decisão reforça o papel do Conselho de Gestão Ka’apor Tuxa Ta Pame como representante legítimo do povo Ka’apor — um dos quatro povos que vivem no território — e altera o rumo do controverso projeto de crédito de carbono na região.

Fortalecimento da voz Ka’apor e crítica ao processo de consulta

A decisão judicial destacou que a oposição de um grupo expressivo do povo Ka’apor, articulado pelo Conselho Tuxa Ta Pame, fragiliza a legitimidade do processo de consulta realizado até então. Essa constatação foi decisiva para barrar os avanços da Wildlife Works no território.

O assunto já foi tema no site da Agência Tambor e no seu programa de entrevista, o Dedo de Prosa.

Desde 2023, o Tuxa Ta Pame vem se posicionando de forma clara contra o projeto REDD (créditos de carbono), denunciando que a iniciativa ameaça a autonomia indígena, já pressionada pela presença de madeireiros e outras forças externas.

Conflito interno entre lideranças Ka’apor

A controvérsia também revelou uma divisão interna. Enquanto o Conselho Tuxa Ta Pame rejeitou veementemente o projeto e apontou a ausência de consulta legítima, a Associação Ka’apor Ta Hury do Rio Gurupi firmou parceria com a empresa, apostando nos benefícios econômicos do projeto de créditos de carbono.

A Justiça considerou que esse conflito compromete o caráter democrático do processo de consentimento, sobretudo diante das exigências da Convenção 169 da OIT, que prevê consulta livre, prévia e informada.

Vitória simbólica pela autodeterminação

Para o Tuxa Ta Pame, a sentença representa um marco na defesa da autonomia Ka’apor, ao impedir a entrada de interesses corporativos em um território historicamente alvo de invasões. A paralisação das atividades da Wildlife Works foi celebrada como uma vitória coletiva e um símbolo de resistência contra novas formas de exploração ambiental.

A Terra Indígena Alto Turiaçu, demarcada em 1982 e com cerca de 531 mil hectares, abriga milhares de indígenas das etnias Ka’apor, Tembé, Timbira e Awa Guajá, além de povos isolados. É a maior área demarcada do Maranhão e uma das últimas grandes frentes florestais contínuas do estado.

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