O INCRA está sendo cobrado para resolver a posse de 14 mil hectares de terras em favor de 410 famílias no município de Timbiras, no Maranhão.
Trata-se do Território Campestre. A reivindicação da comunidade tradicional junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) já dura mais de 20 anos.
A comunidade de Campestre é a mesma que, em agosto deste ano, abrigou o 15º Encontrão da Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão.
Trata-se da mesma comunidade que também participou da ocupação realizada pelo Movimento Quilombola do Maranhão na sede do INCRA, em São Luís, no último mês de outubro.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT-MA), a área está sendo alvo de grilagem e invasão, “com dois outros supostos donos, ligados ao latifúndio e ao agronegócio”.
A CPT menciona a existência de dois documentos, completamente alheios à comunidade rural, tratando da posse do mesmo território onde vivem as 410 famílias.
Uma decisão liminar, concedida pelo juiz Pablo Carvalho e Moura em favor de uma empresa agropecuária, gerou indignação na comunidade e também na Comissão Pastoral da Terra.
A decisão, ocorrida agora em dezembro, foi contrária aos interesses da comunidade e favorável à empresa.
Ela envolve uma imensa reserva ambiental, fundamental para a vida e a sobrevivência da comunidade tradicional de Campestre. A área pode ser simplesmente desmatada.
A inoperância do INCRA estaria abrindo espaço para a grilagem, invasão e equívocos judiciais desse tipo.
O Jornal Tambor de sexta-feira (13/12) entrevistou Ismael Rocha e Maria das Dores. Eles são moradores de Campestre.
(Veja, ao final deste texto, a íntegra da entrevista de Maria e Ismael)
Segundo Maria, essa decisão judicial prejudica o bem viver de várias famílias, e coloca em risco o modo de vida de gerações.
A trabalhadora rural disse que “A gente vive da pesca, das nossas roças, do coco babaçu. Com a liminar da justiça essa área, que dependemos para nos alimentar e trabalhar, vai ser toda desmatada”,
Para Ismael o sentimento de tristeza e indignação é o que predomina em Campestre. Ele ressaltou que, há muitos anos, todo o território luta pela sua titulação.
O morador lembrou que são 20 anos tentando no INCRA o reconhecimento de suas terras, sem sucesso. A demora do órgão facilita a invasão de grileiros na região.
“Há muito tempo a gente vem lutando para que o instituto titule o nosso território. A justificativa que eles dão pra gente é sempre a mesma que não tem dinheiro suficiente para atender a nossa demanda”, afirmou o trabalhador rural.
Ismael reforçou que todo o território vai continuar cobrando os seus direitos.
O outro lado
A agência Tambor entrou em contato com o INCRA para saber o que o órgão tem a dizer sobre essa denúncia de campestre. Assim que obtivemos uma resposta essa matéria será atualizada.
(abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Maria e Ismael)