No último dia 14 de fevereiro, boa parte da cidade de São Luís ficou sem água. O problema se arrastou por quase uma semana e atingiu cerca de 150 bairros da capital maranhense.
A origem do drama está em uma adutora do Sistema Italuís, isto é, em um cano que traz água do continente para a Ilha. É agua que vem permanente do Rio Itapecuru para a capital.
A preservação do maior rio do Maranhão e a manutenção do Sistema Italuís são evidentemente fundamentais para a vida na Ilha de São Luís.
O presidente do Sindicado dos Urbanitários, Rodolfo Cesar Fonseca, que representa os trabalhadores da CAEMA, ao falar do problema disse que “é preciso que tenha um investimento do Estado, tanto no trabalhador, quanto em equipamentos e na manutenção destes equipamentos”.
Rodolfo enfatizou que abastecimento de água e saneamento básico “estão ligados diretamente com a saúde pública”.
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Mais do que uma ameaça
A partir do que a prefeitura e a Câmara de Vereadores fizerem com a nova Lei de Zoneamento e Ocupação do Solo de São Luís, a situação de abastecimento de água na cidade vai piorar.
A capital maranhense conta com quatro formas de abastecimento de água. O principal é o Sistema Italuís, que abastece mais de 50% da cidade. O Sistema Sacavém, o Sistema Paciência e mais de 300 poços são responsáveis pelo restante.
Com tudo isso funcionando, muitos bairros da cidade de São Luís têm hoje água um dia sim e outro não. E muitas regiões precisam de carros pipas.
O Sistema Paciência, o Sistema Sacavem e inúmeros poços estão sendo seriamente agredidos, pelo inchaço da cidade. Isso inclui diretamente a construção indiscriminada de condomínios. Os sistemas têm diminuído cada vez mais suas capacidades de captação de agua.
Existe áreas verdes – dentro da ilha – que são as áreas de recarga. Elas absorvem a água da chuva para inundar os sistemas de abastecimento. É um processo que precisa ser contínuo. Ele precisa ser preservado, para funcionar ao longo do tempo.
Quando as áreas de recarga são impermeabilizadas, isto é, são cobertas de asfalto ou cimento, a água da chuva não pode infiltrar no solo e o sistema de abastecimento simplesmente seca.
Projeto de morte
Mais de 80% das áreas de recarga do Sistema Paciência já foram impermeabilizadas. E o Sistema Sacavém, que abastece mais de 25 bairros de São Luís, teve toda uma área de recarga, na região do Tirirical, retirada de uma zona de preservação, podendo ser liquidada em pouco tempo.
Outros sistemas alternativos de abastecimento, utilizados pela CAEMA, como São Raimundo, Maracanã e Olho d’Agua foram liquidados pela poluição. Os rios foram transformados em esgotos.
A Lei de Zonamento, que é feita pela prefeitura com a participação direta da Câmara de Vereadores, precisa garantir a proteção das áreas verdes, que necessitam ser preservadas.
É sabido que grandes indústrias e empresas de construção civil, gente de muito dinheiro, pressionam o prefeito e os vereadores de São Luís.
Esses empresários querem garantir uma Lei de Zoneamento e Ocupação do Solo que atenda aos seus interesses econômicos, que nunca foram os mesmos da vida na ilha de São Luís.
O projeto de Plano Diretor, que antecede a Lei de Zonamento e Ocupação do Solo, já foi feito para atender os interesses dos empresários. Mas ainda há possibilidade de evitar o pior.