
Com uma proposta que une dança contemporânea, espiritualidade e identidade afro-indígena, o espetáculo “Abayomi – A resposta está na ancestralidade” levará o Maranhão para a circulação nacional do Sesc Amazônia das Artes 2025. A primeira apresentação será nesta sexta-feira (8), em Macapá (AP), dando início a uma jornada por diversas capitais da Amazônia Legal.
Belém (PA), Manaus (AM), Palmas (TO), Cuiabá (MT) e outras cidades fazem parte da rota de apresentações da dupla de dançarinas Rebeca Carneiro e Andressa Brandão, criadoras e intérpretes da obra. O espetáculo é uma imersão sensível e profunda nas raízes da cultura maranhense e nas narrativas femininas da encantaria, tema central da montagem.
“A gente pesquisa esse projeto há mais de três anos. É um trabalho de muita imersão, de aprofundamento mesmo na raiz do que é essa identidade maranhense. E acho que conseguimos entregar isso com muito respeito”, contou Rebeca Carneiro, durante entrevista ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.
No palco, Rebeca e Andressa interpretam as caboclas Ita e Jurema, figuras de grande força simbólica dentro do Tambor de Mina, religião afro-indígena do Maranhão. “São mulheres que lideraram suas aldeias, donas de seus clãs, que arriscaram tudo pelo que acreditavam. A gente quis dar forma e corpo a essas histórias que muitas vezes moram no invisível”, disse a artista.
Abayomi, palavra de origem iorubá que significa “feliz encontro”, é também metáfora para a fusão entre passado e futuro, tradição e contemporaneidade. “É o encontro entre o humano e o ancestral, entre Rebeca e essa ancestralidade afroindígena que muitas vezes está invisível, mas que se manifesta quando a gente se abre para a experiência”, explicou.
A montagem estreou no Festival IÁS, em Salvador (BA), voltado para mulheres negras, e agora ganha o Brasil pelo projeto do Sesc. O circuito nacional contempla os estados da Amazônia Legal, reunindo manifestações artísticas que dialogam com os territórios, saberes e estéticas do Norte e Centro-Oeste do país.
Segundo Rebeca, a obra é resultado de uma metodologia que costura dança, pesquisa teórica e oralidade: “A gente teve cuidado com cada camada: estética, ética e profissional. É arte feita com fundamento e compromisso com os nossos saberes”.
Além das apresentações em outros estados, o espetáculo também terá sessão em São Luís, no dia 29 de setembro, encerrando o trecho maranhense da turnê. “Vai ser uma grande festa. A gente espera que o público esteja com a gente no teatro, vivendo essa experiência de corpo e cura”, convida.
Mais do que um espetáculo, Abayomi se coloca como ferramenta de formação e educação. “É um convite para que as pessoas pesquisem, conheçam mais sobre nossa história. A ancestralidade é um campo vasto e potente para pensar novas narrativas de brasilidade”, destacou Rebeca.
[Confira a entrevista completa com a dançarina no canal da Agência Tambor.]