Por Paulo Vinicius Coelho
Da Agência Tambor
09/06/2021
Nesta quarta-feira (9), o Jornal Tambor recebeu José Ribamar Silva, quilombola do território Tanque da Rodagem, e Ariana Gomes, representante da Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA). Eles denunciaram o uso indiscriminado de agrotóxicos no estado.
(VEJA ABAIXO A ENTREVISTA).
A partir da denúncia feita pelas comunidades quilombolas de São João e Tanque da Rodagem, localizadas em Matões, a RAMA confirmou a atuação de pelo menos duas empresas nesses territórios: a Suzano e a Agroverdes.
Segundo Ariana, o veneno pulverizado de forma desordenada por essas empresas é também uma estratégia para expulsar ou encurralar os povos que vivem dentro dessas comunidades.
A RAMA tem procurado dar visibilidade às denuncias de crimes ambientais e violações de direitos humanos no campo, além de cobrar os órgãos responsáveis.
No Maranhão, a fiscalização do uso de agrotóxicos é tarefa da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (AGED).
Já a Secretaria Estadual de Meio Ambiente controla as ações relacionadas à exploração e preservação de recursos naturais.
Jose Ribamar enfatizou que o Tanque da Rodagem está ‘’cercado’’ pelo veneno. Ele afirma que a produção de caju, banana, milho e todo o plantio da comunidade foi afetado pelos agrotóxicos.
‘’Nós não colocamos veneno nenhum no nosso plantio. Lá eles colocam e a praga vem toda pra nossa plantação’’ comentou José.
O quilombola pontuou que a pesca também foi prejudicada pelo agronegócio. A RAMA acrescentou que haviam pelo menos 12 nascentes no Tanque da Rodagem, que começaram a secar após a plantação de eucaliptos pela Suzano.
José Ribamar e outros moradores vão fazer exames médicos para avaliar os efeitos dos agrotóxicos na saúde. O quilombola relatou irritação e alergia na pele.
Diante da pressão do agronegócio, José Ribamar afirmou: ‘’eu não sei o que será de nós, estamos numa situação de sair ou morrer e muita gente não tem pra onde ir’’.
Ao mesmo passo em que as comunidades tradicionais sofrem as consequências dos agrotóxicos, o Brasil aumenta o número de fertilizantes aprovados. Em 2020 o país bateu recorde com a liberação de 493 tipos de agrotóxicos.
A representante da RAMA destacou que o desrespeito aos direitos humanos no campo ‘’se perpetua porque o Estado brasileiro até hoje não regularizou as terras dos povos e das comunidades tradicionais’’.
Ariana acredita que ‘’a enxurrada de agrotóxicos só vai potencializar a tragédia anunciada por um Estado que mata e expulsa comunidades e povos tradicionais’’.
Através do Instagram, entramos em contato com a Empresa Suzano, para ouvir sua versão sobre os fatos.
Veja abaixo, em nosso canal no YouTube, a edição completa do Jornal Tambor:
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