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Economista fala sobre desemprego recorde no Brasil

Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho
04/08/2021

O governo federal usa os dados do Cadastro Geral dos Desempregados e Empregados (Caged) para insinuar que o país está se recuperando rapidamente da crise econômica causada pela pandemia. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam desemprego recorde de 14, 7% no trimestre encerrado em abril.

Ontem (3), em entrevista para o Jornal Tambor, o economista e tecnologista de informações geográficas e estatísticas do IBGE, José Reinaldo Barros, explicou que os dados do Caged e do IBGE não são incongruentes e o Brasil ainda não conseguiu retomar a situação econômica pré-pandemia.

VEJA ABAIXO A ENTREVISTA

Em 2020, a base de dados utilizada pelo Caged foi ampliada a partir da utilização do eSocial (Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas). Com isso, o sistema que contabilizava apenas admissões e demissões passou a usar também informações previdenciárias e fiscais. Entraram na conta do Caged bolsistas e contribuintes autônomos do INSS, por exemplo.

Em junho deste ano, 309.144 vagas de emprego com carteiras assinadas foram abertas, segundo o Caged.

Já a metodologia utilizada pelo IBGE, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), captura um volume maior de informações e inclui trabalhadores formais e informais. Além disso, os dados divulgados pelo Caged são mensais e os do IBGE trimestrais.

José Reinaldo esclarece que, de acordo com o IBGE, antes da pandemia o Brasil possuía 92 milhões de pessoas ocupadas. Hoje, são 86 milhões e 708 mil ocupados. Ou seja, cerca de 5 milhões de pessoas ainda não recuperaram seus postos de trabalho.

Além disso, o PNAD aponta 34,2 milhões de trabalhadores informais.

Outro dado preocupante é o de pessoas desalentadas, aquelas que desistiram de procurar emprego. Elas contabilizavam 1,5 milhão no último trimestre de 2014 e agora, no primeiro trimestre de 2021, somam 6 milhões.

No Maranhão os desalentados eram 129 mil em 2014 e agora são 667 mil.

José Reinaldo comentou ainda a ausência do censo demográfico. A pesquisa deveria ter sido realizada em 2020, foi adiada por conta da pandemia e agora se tornou inviável por conta dos cortes no orçamento.

A previsão inicial era de R$2 bilhões para o censo. Na tramitação no Congresso Nacional, passou para R$71 milhões.

‘’No Brasil a gente ainda precisa muito desses levantamentos domiciliares. Isso é fundamental para elaboração de políticas públicas localizadas’’ advertiu o economista.

Apesar das restrições orçamentárias, José Reinaldo enfatizou que o IBGE está no mesmo patamar dos melhores órgãos de estatística oficial do mundo e ‘’se não faz um trabalho perfeito, busca sempre o ideal de fazer o melhor possível’’.

Veja abaixo, no nosso canal do YouTube, a edição completa do Jornal Tambor, incluindo a entrevista com José Reinaldo Barros, economista do IBGE do Maranhão.

https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ

Ouça abaixo, pela plataforma Spotify, a entrevista que o economista José Reinaldo Barros concedeu ao Jornal Tambor.

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