Via: Giovana Kury/Agência Tambor
Parecem dois cenários extremamente distantes: as manifestações do Stonewall, em Nova York de 1969, e a 16ª Semana do Orgulho LGBT no Maranhão, que acontece agora. Mas, apesar do tempo e da geografia, o segundo só existe por causa do primeiro. O entrevistado desta quinta-feira (17) pela TamborCast e Rádio Tambor foi o presidente do Conselho Estadual LGBT e membro da Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão (Sedihpop), Airton Ferreira – que discorreu sobre as temáticas dessa categoria no estado.
Essa rebelião americana teve como estopim a repressão policial ao bar Stonewall, conhecido ‘point’ LGBT na época. A reação da minoria foi uma onda de protestos, onde reivindicaram seus direitos em detrimento das políticas homofóbicas vigentes. O movimento foi referência no mundo inteiro, e no Brasil não seria diferente: “a partir da abertura do estado democrático de direito, minorias começaram a se organizar pela luta da reafirmação dos direitos que historicamente foram negados”, afirma o presidente do Conselho.
“Nesse sentido, essa revolução [de Stonewall] foi um pontapé inicial para irmos para a rua e dar visibilidade a esse segmento que sofria repressão do aparelhamento do Estado – da polícia que invadia o espaço que era frequentado por travestis, gays, lésbicas e simpatizantes. Então, fazendo um link com o Brasil, houve [alguns anos depois] o surgimento das paradas de orgulho gay, para dar visibilidade, reafirmar e mostrar que existe esse segmento enquanto cidadão brasileiro”.
Violência no Maranhão
Dados divulgados durante a 16ª Semana do Orgulho LGBT revelam que, nos cinco primeiros meses de 2019, o Maranhão registrou 8 mortes por LGBTfobia. Em 2018, foram contabilizadas 14 mortes por esta causa.
Segundo Airton Ferreira, a atuação da Sedihpop, desde o início da gestão do governador Flávio Dino (PCdoB), tem trabalhado em diferentes frentes para combater este tipo de violência. Dentre as ações, estão a criação da Coordenação Estadual de Promoção dos Direitos LGBT, do Conselho Estadual LGBT, e agora a implementação de um plano estadual de políticas públicas e da rede de proteção a esta minoria.
“Historicamente, temos perdido estar nos espaços, afirmando as nossas identidades. Então, precisamos dizer que temos orgulho de ser quem somos. A cada dia que acontece uma atrocidade, uma violência destas, a gente precisa levantar essa bandeira”, pontuou.
Semana do Orgulho LGBT
A Semana LGBT está acontecendo desde terça-feira (15) no estado e vai até o domingo (20). A programação é toda composta por palestras, mesas de discussões e apresentações culturais.
O último dia será de festa: no domingo, atrás do Convento das Mercês, no Centro Histórico, a concentração começa às 15h. Os trios elétricos vão sair às 17h até a praça Maria Aragão, onde haverá shows de artistas locais LGBT.
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