Por: Ed Wilson Araújo
13/04/2019
O deputado federal Edilázio Junior (PSD) reuniu um grupo de moradores do metro quadrado mais caro de São Luís – a Península – para fazer um pronunciamento bastante sintonizado com o pensamento escravocrata contemporâneo.
Segundo o parlamentar, a construção de um cais na praia da Ponta d’Areia vai “contaminar” o bairro mais luxuoso da cidade com uma leva de mototaxistas, carrinhos, pobres, vendedores ambulantes e baixadeiros.
A construção do cais foi anunciada pelo Governo do Estado com o objetivo de facilitar o deslocamento entre a capital São Luís e uma das regiões mais populosas e importantes do Maranhão – a Baixada.
Se a obra for concluída será importante também para acessar um enorme potencial turístico localizado na Floresta dos Guarás, no litoral ocidental do estado.
O que faz o deputado diante de um novo investimento em infra-estrutura?
Ofende e insulta as pessoas como um discurso estúpido, típico de um legítimo representante do bolsonarismo nesta era da estupidez.
Na origem das espécies é que se detecta o pensamento vivo do parlamentar. Ele é um dos sobreviventes do núcleo familiar que depredou o Maranhão.
Dele não se podia esperar outro comportamento e visão de mundo, a não ser o deplorável pronunciamento carregado de ódio, racismo e segregação. Basta assistir aos vídeos.
Ele só quer os pobres por perto na condição de serviçais, como a babá de São Bento, que deve ficar “condenada” a tomar o ferry-boat na Ponta da Espera e uma van no Cujupe para se deslocar de São Luís para a Baixada.
Não é a primeira vez que a Península é colocada no centro do debate sobre a ocupação territorial de São Luís.
Já se chegou a ventilar que esta parte da cidade seja fechada como espécie de área privada, quase uma tentativa de isolar os seus moradores finos do resto da cidade.
A Península é o metro quadrado mais caro do Maranhão, onde moram pessoas honradas que compraram imóveis com o suor do rosto e entre a vizinhança uma certa elite de prefeitos e operadores de outros negócios poderosos.
Os prédios luxuosos têm valores estratosféricos se comparados ao mercado imobiliário nacional. É muito comum, neste lugar tão caro, ver esgoto transbordando e carros pipa abastecendo os prédios com água potável.
Esta contradição daria um longo debate sobre o Plano Diretor e o loteamento de São Luís para lobistas fortes.
Por enquanto, vamos ficar por aqui, sabendo que o discurso de Edilázio Junior serve para duas coisas: 1) o governo não deve recuar da construção do cais; 2) o Fórum em Defesa da Baixada Maranhense tem o dever de emitir uma nota de repúdio ao discurso do parlamentar.