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“Discurso de Damares não é cristão”, defende pastor

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, lança uma nova versão do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Brasilia 10-05-2019. Foto: Sérgio Lima/PODER 360

Via: Giovana Kury/Agência Tambor

Na última terça-feira (24), dezenas de manifestantes protestaram contra os deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Maranhão por terem aprovado uma homenagem a Damares Alves.

O grupo contou com a presença de representantes evangélicos contrários a políticas da ministra de Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo em o que o protesto ocorria, o professor, historiador e pastor Lyndon Santos foi entrevistado pela Rádio Tambor para falar sobre esta categoria que, apesar da religião evangélica, não se curva à agenda do atual governo.

A categoria que combina religião e progressismo é chamada de ‘cristotolerante’ – e é como o historiador se entitula. Segundo ele, “esse discurso [de Damares] não é cristão. O discurso cuja origem é na eliminação do outro não é evangélico. Não dá para ser ‘terrivelmente evangélico’, isso é impossível. Essa associação é absurda, totalmente contra o próprio posicionamento de Jesus Cristo”.

“Essa lógica de eliminação do ‘diferente’, exposta pelo governo Bolsonaro por opiniões preconceituosas, já existiu em muitas outras épocas. “Damares é a porta-voz desse discurso, que rebate para a sociedade e referenda para que outras pessoas pensem assim. A religião está sendo colocada a serviço para a transmissão de ódio e intolerâncias”.

O discurso de Damares, segundo Lydon, provoca não só a perseguição a grupos minoritários, mas também corrobora para o “apagamento da memória” da história brasileira. Para ele, a tática é mais política do que cristã, para agradar certos setores. Exemplo disso foi o cancelamento da construção do Memorial da Anistia, homenagem às vítimas da ditadura militar.

“É uma disputa de memória: ou a gente esquece, ou a gente enfrenta. Para esse pessoal [representado pelo Governo Bolsonaro], não interessa enfrentar uma memória dura, pois vai conflitar com seus interesses”, diz. Os militares estão, segundo ele, com a imagem estigmatizada pelas torturas e assassinatos do passado; e quando se escolhe por ignorar esses acontecimentos, eles tendem ao esquecimento.

Ainda sobre as controvérsias do discurso religioso conservador, o pastor cita a Bíblia: “Paulo fala que em Cristo não existe nem homem nem mulher, nem escravo nem livre. Esse Cristo desconstrói as identidades que tentamos fixar. Ele acolhe todos”. Ele aponta que a contradição está na escolha de selecionar alguns discursos e ignorar outros que demonstrem tolerância. “O fundamentalista é um racionalista, falando que acredita no amor de Deus, mas não. Ele acredita mais na sua razão do que no Deus que diz acreditar”, explica.

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