Da AgênciaTambor
Por Paulo Vinicius Coelho
24/07/2021
A Vila Cristalina, bairro que ganhou esse nome devido às abundantes fontes naturais de água, hoje sofre com a dificuldade de abastecimento. Um entre inúmeros problemas socioambientais gerados pela construção do Shopping da Ilha, empreendimento vizinho à comunidade.
O Shopping ilustra bem o modelo de ‘’desenvolvimento’’ que a elite tenta impor em São Luís, com a conivência do poder público. Dez anos após a inauguração da obra, pertencente ao grupo Sá Cavalcante, a Vila Cristalina continua sofrendo os prejuízos.
Sobre este assunto, o Jornal Tambor conversou, na última quinta-feira (22/07) com as moradoras Izabel Pinheiro e Terezinha de Jesus.
VEJA ABAIXO A ENTREVISTA
Após quatro laudos da Defesa Civil, a casa de Izabel foi interditada no dia 1° de fevereiro. Consequência das rachaduras provocadas pela obra do Shopping da Ilha. A moradora, no entanto, continua residindo no local por não ter pra onde ir.
Ela conta que a relação com a Sá Cavalcante é de ‘’prejuízos e riscos’’. O bairro antes conhecido pela abundância de água teve praticamente todas as suas fontes soterradas. A última nascente, chamada de ‘’fonte mãe’’ por Izabel, foi suprimida na construção do condomínio Ilha Parque.
Outro dano ambiental grave provocado pela obra do Shopping da Ilha é o despejo de esgoto em área de mangue próxima a Vila Cristalina. ‘’A nossa comunidade respira o esgoto do Shopping da Ilha’’ enfatizou Izabel.
Terezinha se mudou para a Vila Cristalina na década de 90. Escolheu o bairro porque era apaixonada pela natureza. Ela possuía uma piscina natural e criava peixes. Dizia que a comunidade era o lugar ideal para se viver.
Hoje ela não pode mais morar na Vila. Com a casa rachada e ameaçando desabar, Terezinha teve que se mudar para a residência da filha, no Bequimão.
‘’O Shopping só me trouxe tristeza e devastação.’’ resume
Terezinha apontou que a comunidade não foi consultada antes da construção do Shopping. ‘’Para a maioria da comunidade a construção do shopping foi uma desgraça’’ frisou.
Em janeiro de 2018, a Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís determinou que as empresas Sá Cavalcante e Daniel de La Touche LTDA indenizassem os moradores da Vila Cristalina por conta dos danos ambientais gerados pela construção do Shopping da Ilha.
A indenização tem o valor de R$6 milhões e deve ser paga por meio de projetos que contemplem a comunidade.
Apesar da sentença, os moradores da Vila Cristalina ainda aguardam a indenização. A maior urgência, segundo Izabel, é a reforma das casas que correm risco de desabar. Enquanto a solução não vem, ‘’a Sá Cavalcante fica cada dia mais rica e o povo da Vila Cristalina na lama’’, como definiu Terezinha.
Veja abaixo a edição completa do Jornal Tambor, incluindo a entrevista com as moradoras da Vila Cristalina.
https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ
Ouça abaixo a entrevista com Isabel e Terezinha, no Jornal Tambor, pela plataforma Spotify.