
Uma jovem Xavante de apenas 13 anos morreu por problemas de saúde decorrentes de uma complicação na região do apêndice. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do Mato Grosso, essa morte poderia ter sido evitada caso houvesse tido a chance de ser atendida a tempo.
O incidente aconteceu no dia 12 de maio, na Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, do povo Xavante, localizada entre os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia, no Estado do Mato Grosso.
E não é a única perda. Três crianças com menos de quatro anos também morreram neste ano, além de jovens adultos, incluindo mulheres grávidas e mães de crianças pequenas que, no último ano, vieram a óbito. Todas também faleceram por causas consideradas evitáveis.
Na nota pública “Descaso com a saúde indígena na TI Marãiwatsédé leva jovem Xavante à morte”, o Cimi denuncia que problemas de saúde que acometem a população indígena dos povos de Mato Grosso são decorrentes de causas que podem ser prevenidas com saneamento básico, abastecimento de água potável, coleta de lixo nas aldeias e investimentos na estrutura de saúde local.
“Nós, missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Mato Grosso, manifestamos a nossa indignação quanto à atenção à saúde nos territórios indígenas do estado, principalmente nas aldeias Xavante da TI Marãiwatsédé, e cobramos providências dos órgãos competentes, pois a saúde é direito de todos, e deve ser garantido pelas diversas instâncias do Estado brasileiro”, destaca um trecho da nota.
O Cimi ressalta que a equipe de saúde que atua nas aldeias trabalha incansavelmente para atender a população, mas o número de profissionais é insuficiente. As condições de trabalho são péssimas e os veículos utilizados para o transporte da equipe e de pacientes da comunidade estão sem condições de uso, por falta de manutenção.
A única caminhonete disponível para uso encontra-se em situação precária, com a caçamba e o para-choque dianteiro amarrados por cordas e sem condições para realizar percursos de longas distâncias, o que revela o descaso à saúde do povo Xavante da TI Marãiwatsédé
O Cimi cobra a urgente a aquisição de veículos em pleno funcionamento, que possibilite a locomoção da equipe de saúde e o deslocamento de pessoas enfermas.
“Para a enorme tristeza do povo A’uwe, os casos de tuberculose, desnutrição infantil e pneumonia tem aumentado rapidamente e causado a morte de crianças e jovens que, se atendidos a tempo, poderiam ter sido evitadas”, denuncia o Cimi.
Com o aumento da população do território Xavante, organizado em 21 aldeias, é urgente a contratação de mais profissionais da saúde. “Para esses profissionais, é também necessário oferecer melhores condições de trabalho, além de equipamentos, remédios e transporte de qualidade. Os problemas de saúde que acometem a população indígena dos povos de Mato Grosso são decorrentes de causas que poderiam ser prevenidas”, refletiu o Cimi.
Reunião:
Na última semana, o povo Xavante, junto a uma delegação com mais de 40 lideranças indígenas do Estado do Mato Grosso, se reuniu com representantes da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), em Brasília.
Na ocasião, a Sesai afirmou que enviaria uma equipe para solucionar os problemas de gestão da saúde local. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante, no entanto, encontra-se há vários meses sem coordenação, cuja nomeação é de competência da Secretaria em Brasília.