Moradores do Quilombo Cancela, em São Benedito do Rio Preto, no Maranhão, mais uma vez denunciam ameaças e perseguições. Desde segunda-feira passada (09/12) homens armados de pistolas circulam pelo quilombo para intimidar os pequenos agricultores.
“O clima aqui é de terror. A comunidade está com medo de circular por nosso território. À noite não conseguimos mais dormir”, narrou uma quilombola que não será identificada por segurança.
Eles contam que temem por suas vidas. “Até um gato quando passa pelo telhado, o desespero é grande. Só imagina que seja um ataque”, disse outro quilombola.
Os quilombolas lutam pela posse da sua terra. Uma comunidade centenária que luta por suas roças. “Não conseguimos nem plantar, nem colher. A situação tá, a cada dia, pior”, contou.
No dia 05 de dezembro teve mais audiência e nada foi resolvido. A saga dos quilombolas de Cancela por direito ao território, ao trabalho, a plantar, a colher, a comer e a viver com dignidade segue sem nenhuma solução.
Já foram feitos protestos. Em um deles, os moradores do Quilombo Cancela chegaram a interditar a MA-224. A situação é grave. Uma mãe relatou a relação com as crianças da comunidade: “Elas pedem um pirão de farinha e nós não temos. Estamos comprando arroz caro. As autoridades precisam olhar pra gente e resolver essa situação”, cobrou.
Além das perseguições e do terror implantados na comunidade de Cancela, os quilombolas já denunciaram diversos crimes ambientais. Como a poluição da chamada “cabeça do brejo” e a derrubada de árvores de espécies como pau-d’arco, pau-roxo, mirindiba e candeia.
“Nós estamos aqui há mais de 120 anos. Aqui já morreu gente com 105 anos. Isso não pode continuar assim”, afirma outra liderança ao indagar “até quando vamos viver sem sossego, sem paz e sem conseguir tirar o sustento de nossas terras?”.