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Curso de Música da UFMA denuncia um abandono brutal

A comunidade acadêmica do curso de Música da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) vive um cenário de degradação e abandono que, após 18 anos de funcionamento, chegou a um limite considerado insustentável.

A ausência de um plano de gestão desde sua criação em 2007, somada à precariedade das instalações, à ameaça de desmonte estrutural e à falta de reconhecimento institucional, têm deixado docentes e estudantes em estado de alerta.

Professor do curso e ex-coordenador, Daniel Lemos fez um extenso relato da situação em entrevista ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor. “Desde o início, nunca houve um plano de acolhida para o curso. Sempre funcionamos em espaços improvisados e disputados com outros departamentos. As três salas que temos foram conquistadas em 2009, mas continuam sendo inadequadas”, denuncia.

O corpo docente conta atualmente com 13 professores efetivos, número mínimo para a manutenção do curso. No entanto, de acordo com Daniel, três docentes estão prestes a se aposentar e não há garantias de reposição das vagas. “A administração atual não oferece qualquer segurança de continuidade. O curso pode ficar sem suporte técnico e administrativo, agravado pela extinção do departamento de Música”, alertou.

Além da estrutura física precária, o curso sofre com a escassez de políticas culturais institucionais. “Não temos bolsas, nem diálogo com a Diretoria de Assuntos Culturais. Somos lembrados apenas quando pedem emprestado nossos equipamentos. Nunca sentaram para discutir projetos ou políticas culturais para a universidade”, afirmou.

Mesmo diante das adversidades, o curso foi responsável por formar mais de uma centena de profissionais que atuam em diversas instituições educacionais e culturais no Maranhão. “Temos ex-alunos no IFMA, na Escola de Música do Estado, no IEMA. Nosso curso é pioneiro e referência para o ensino da música no estado”. A escola, inclusive, formou a primeira licenciada em Música da história do Maranhão.

A desvalorização da arte e da cultura dentro da universidade reflete um preconceito estrutural. “As pessoas veem a música como hobby, diversão. Não entendem o trabalho por trás. Ensaios, manutenção de instrumentos, deslocamentos. É um ofício sério, que exige dedicação. Mas somos tratados como profissionais de segunda classe”, criticou Lemos.

O descaso impacta diretamente na atratividade do curso. Segundo Daniel, em 2015, eram aproximadamente 300 estudantes, e, hoje, são pouco mais de 100. “Sem infraestrutura, não conseguimos nem competir com o curso de Música da UEMA, que desde 2022 tem prédio próprio e mais estrutura”, comparou.

Medidas emergenciais vêm sendo adotadas, como a suspensão do teste de habilidade específica no vestibular e uma reforma curricular que prioriza práticas em conjunto. “É o que está ao nosso alcance enquanto coordenação. Mas sem infraestrutura, não há como expandir. Não podemos sequer propor um mestrado, que já é necessário e viável em termos de produção acadêmica e docentes qualificados”, afirmou.

Segundo o professor, no dia 7 de agosto haverá uma reunião com a Reitoria da UFMA que pode definir o futuro do curso. “Vamos apresentar um relatório fundamentado. Esperamos, no mínimo, ser ouvidos. Se não houver comprometimento, vamos repensar até a nossa permanência. O que a UFMA quer? Continuar com o curso de Música ou não?”, questionou.

A entrevista completa com o professor Daniel Lemos foi concedida ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, e pode ser conferida no canal oficial da Agência. A equipe da Tambor também entrará em contato com a administração superior da UFMA para buscar um posicionamento institucional diante das denúncias apresentadas.

Outro lado

A Agência Tambor entrou em contato com a Universidade Federal do Maranhão para tratar das denuncias de Daniel Lemos sobre o curso de Música da UFMA e as possíveis soluções. Até o momento a reportagem não obteve resposta. Assim que a instituição responder as questões, atualizaremos esta matéria.

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