No dia 3 de dezembro foram divulgados os resultados da campanha “Cadê o Dinheiro da Candidata Negra?”, em São Luís. A ação é uma iniciativa em torno das Eleições 2024, sob o olhar das mulheres negras.
A Campanha “Cadê o Dinheiro da Candidata Negra?” cria redes de apoio e dá luz a uma das principais violências políticas cometidas contra as mulheres negras durante o período eleitoral – a violência patrimonial que impede ou dificulta os acessos ao recurso público de campanhas.
Os partidos políticos no Brasil contam com duas fontes de recursos públicos para financiar as campanhas dos seus candidatos nas eleições: o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), também conhecido como Fundo Eleitoral, e o Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, o Fundo Partidário.
Ainda de acordo com a norma, os partidos são obrigados a reservar, no mínimo, 30% do total recebido do FEFC para financiamento das campanhas femininas, ou em percentual maior correspondente ao número de candidatas do partido.
A campanha abre a discussão sobre as dificuldades enfrentadas no repasse dessas verbas. As candidatas negras acabam recebendo menos , principalmente as mulheres do Nordeste
A atividade é organizada pelo Observatório Feminista do Nordeste, da Rede de Mulheres Negras do Maranhão (REMNEGRA), e do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa.
O Jornal Tambor de terça-feira (03/11) entrevistou Creuzamar de Pinho e Marília Gomes.
Creuzamar é mãe, assistente social, integrante da Coordenação da União Por Moradia Popular, vereadora do PT de São Luís e candidata a vice-prefeita de São Luís, em 2024. Marília é cofundadora do Observatório Feminista do Nordeste, coordenadora da Campanha “Cadê o Dinheiro da Mulher Negra?”, além de socióloga e pesquisadora.
(Veja, ao final deste texto, a íntegra da entrevista de Creuzamar e Marília )
Segundo Marília, a proposta do lançamento é promover um espaço de trocas de saberes e diálogos, a partir das vivências de mulheres negras na política.
“Será um momento de falar dos desafios enfrentados por essas mulheres na política, ao mesmo tempo discutir estratégias que garantam a ocupação e permanência de mulheres negras em cargos políticos”, afirmou a coordenadora da campanha.
Creuzamar disse que são vários os problemas que mulheres negras enfrentam no meio político.
A predominância de hierarquias e a falta de dinheiro para as campanhas eleitorais para as mulheres negras, principalmente na pré-campanha, são dois dos inúmeros desafios que as candidaturas femininas negras encaram no Maranhão e no Brasil.
“Eu mesma já pensei em desistir várias vezes da política por conta dessas violências políticas que a gente enfrenta, mas minha luta por aquilo que acredito é maior que tudo isso”, destacou a assistente social.
A integrante da Coordenação da União Por Moradia Popular ressaltou ainda que, “a mulher negra tem um isolamento político, as pessoas te ignoram. Nossa luta é histórica e vamos continuar por mais reparações”.
Sobre a Campanha
A iniciativa é fruto das narrativas compartilhadas por mulheres negras, cujas experiências políticas são frequentemente marcadas pela Violência Política de Raça e Gênero. Durante este processo, entrevistamos mulheres do Recife (PE), Salvador (BA) e São Luís (MA).
Sobre o Observatório Feminista do Nordeste
É uma organização de mulheres negras do Nordeste, atua pelo aumento da participação e permanência política nos espaços de poder e tomada de decisão das Mulheres Negras, com objetivo de ampliar o número de tomadoras de decisão comprometidas com as agendas de justiça social de raça e gênero.
O resultado da campanha aconteceu, no Centro Estadual de Referência da Mulher Negra do Maranhão Ana Silvia Cantanhede – CERMN/MA, no Centro de São Luís.
Acompanhe mais informações sobre a campanha nos perfis na rede social Instagram @obsfeministanordeste, @remnegra e @grupomaeandresa.
(abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Creuzamar e Marília)