
Por Paulo Vinícius Coelho
Nos últimos meses, o Bar do Léo tem sido agraciado, ainda que esporadicamente, com rodas de choro que reúnem alguns dos melhores instrumentistas ludovicenses. O motivo é tão nobre quanto o talento dos músicos: arrecadar fundos para o tratamento do pequeno Theo, como é carinhosamente chamado o filho do flautista João Neto.
Para quem acompanha a trupe com frequência, não há dúvidas de que suas apresentações são sempre sublimes. No entanto, ontem a atmosfera parecia ainda mais encantadora. Comentei isso com o bamba Zeca do Cavaco, que logo exclamou: “Senti a mesma coisa! Está lindo!”.
A mesa estava repleta de mestres. Trompetistas e trombonistas, ausentes em outras ocasiões, engrossaram o caldo. Somaram-se a isso as intervenções de samba de Nivaldo Santos e do próprio Zeca do Cavaco, que nos presenteou com uma interpretação brilhante de Miudinho. Não posso deixar de destacar, também, as exibições de Onde a Dor Não Tem Razão, de Paulinho da Viola, e Pedacinho do Céu, de Waldir Azevedo. Um primor!
Entre as pausas para que os músicos retomassem o fôlego (ufa!), o apresentador nos recordava o essencial: toda aquela beleza tinha um propósito maior — contribuir para o tratamento do pequeno Theo.
O expediente de seu pai, João Neto, é comovente. O flautista recebe cada colega de roda com um sorriso que estampa gratidão. E a adesão dos músicos, marcada por um companheirismo sincero, não é menos emocionante.
Não posso imaginar o quão difícil deve ser para João lidar com a delicada situação do filho, mas me toca profundamente a maneira como ele enfrenta esse desafio: fazendo música, empunhando a flauta como escudo. Esse é o instrumento de João Neto. Já o do pequeno Theo é o amor inabalável do pai e o cuidado generoso dos mestres do choro ludovicense. Viva!
