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Bloco afro denuncia invisibilização no Carnaval maranhense

“O que a gente viu foi uma invisibilização dos blocos afros. Quando você vai se apresentar pra ninguém, qual o objetivo disso? É desconsiderar a importância da presença negra na construção da história do Maranhão”, essa fala foi feita pelo professor da UFMA, Carlos Benedito, em entrevista no dia 07 de março, no Jornal Tambor.

Recentemente, o professor fez um vídeo denunciando a desvalorização da cultura maranhense no Carnaval do estado. O vídeo repercutiu nas redes sociais. Nele, durante a apresentação do bloco Akomabu no carnaval de São Luís, Carlos denunciou que “trouxeram um monte de gente de fora, que não tem nada a ver conosco, pagando um cachê altíssimo. A gente, dos blocos afros, ficou invisibilizado, se apresentando pra ninguém”.

Além de professor, Carlos é um dos protagonistas do Akomabu – bloco afro que nasceu há mais de quatro décadas a partir do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA).

(Veja, ao final deste texto, o Jornal Tambor com a íntegra da entrevista de Carlos Benedito)

Na entrevista, ele fez uma análise da postura do governo do Maranhão e da Prefeitura de São Luís em relação ao não protagonismo das manifestações culturais do estado no carnaval deste ano e nas edições anteriores.

Comentou, ainda, sobre o derramamento de milhões de reais em dinheiro público na contratação de atrações caríssimas, atropelando, silenciando, marginalizando e, principalmente, desrespeitando a cultura e as tradições locais.

Segundo o educador, o vídeo foi um ato político diante do apagamento da memória cultural do Maranhão no Carnaval, uma das maiores festas populares em nosso país.

“Nós chegamos para o circuito de Carnaval em São Luís e não tinha absolutamente ninguém. Foi nesse sentido que eu fiz uma fala de acusação e denúncia sobre o desrespeito do governo e da prefeitura em relação aos blocos afros. Isso se estende às outras atrações do nosso Carnaval que, também, não têm o mesmo reconhecimento”, explicou Carlos.

Outra questão que o professor relatou é que o estado perde muito desvalorizando a sua própria história.

“Os turistas vêm para o Maranhão para ver as coisas que são daqui da nossa terra. Se você não apresenta a riqueza da nossa diversidade cultural, você acaba matando a cultura do estado e desanimando as pessoas de fazerem parte dessa festa”, ressaltou ele.

Ao final, o docente reforçou a necessidade de fazer com que as políticas culturais já existentes, realmente, funcionem. Destacou que é preciso que as organizações sociais, grupos de manifestações culturais e fazedores culturais dialoguem e cobrem do poder público: visibilidade, direitos e espaços que garantam o verdadeiro protagonismo da cultura identitária maranhense.

“Precisamos nos libertar de amarras. Nos articularmos a partir das nossas identidades e identificação. E assim, cada vez mais, ampliar nossos espaços de mobilização, pressionando os nossos gestores do dinheiro público para que essa verba seja realmente direcionado para a população”, complementou o integrante do bloco Akomabu.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Carlos Benedito)

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