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OMS revela que agrotóxicos matam mais de 20 mil pessoas por ano

O Dia Mundial de Luta contra os Agrotóxicos, no dia 3 de dezembro, estampou as redes sociais com um tema que precisa ser acompanhado permanente no Brasil. Os produtos químicos, físicos ou biológicos utilizados para controlar pragas e doenças em ambientes agrícolas, pastagens, florestas e urbano configuram um risco, inclusive à vida – podendo ser fatal.

O Maranhão, de acordo com o relatório parcial sobre a violência do campo no Brasil, lidera o ranking nacional com 80% dos registros no país, em 2024 – são 156 notificações em comunidades que sofreram com a pulverização aérea.

Com base nessa realidade, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Articulação das Pastorais Sociais/Repam, em parceria com organizações da sociedade civil, como a Cáritas Regional Maranhão e a Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA) lançaram a campanha de mobilização para criação do “Projeto de Lei Estadual de iniciativa popular contra a pulverização aérea de agrotóxicos” no Maranhão.

Você conhece os risco do uso indiscriminado do agrotóxico nas lavouras?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são registradas 20 mil mortes por ano devido o consumo de agrotóxicos. Em estudo publicado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), um órgão do Ministério da Saúde que desenvolve e coordena ações para prevenir e controlar o câncer no Brasil, esse e outros dados mostram os perigos relacionados ao uso dos produtos. Confira a matéria abaixo:

Agrotóxico

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são registradas 20 mil mortes por ano devido o consumo de agrotóxicos

Agrotóxicos são produtos químicos sintéticos usados para matar insetos, larvas, fungos, carrapatos sob a justificativa de controlar as doenças provocadas por esses vetores e de regular o crescimento da vegetação, tanto no ambiente rural quanto urbano (BRASIL, 2002; INCA, 2021).

Estes produtos tem seu uso tanto em atividades agrícolas como não agrícolas. As agrícolas são relacionadas ao setor de produção, seja na limpeza do terreno e preparação do solo, na etapa de acompanhamento da lavoura, no deposito e no beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens e nas florestas plantadas. O uso não agrícola é feito em florestas nativas ou outros ecossistemas, como lagos e açudes, por exemplo.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas e crônicas por ano e que evoluem para óbito, em países em desenvolvimento. Outros mais de sete milhões de casos de doenças agudas e crônicas não fatais também são registrados. O Brasil vem sendo o país com maior consumo destes produtos desde 2008 , decorrente do desenvolvimento do agronegócio no setor econômico, havendo sérios problemas quanto ao uso de agrotóxicos no país: permissão de agrotóxicos já banidos em outros países e venda ilegal de agrotóxico que já foram proibidos (CARNEIRO et al., 2015).

A exposição aos agrotóxicos pode causar uma série de doenças, dependendo do produto que foi utilizado, do tempo de exposição e quantidade de produto absorvido pelo organismo.

É importante considerar:

  • Toda a população está suscetível a exposições múltiplas a agrotóxicos, por meio de consumo de alimentos e água contaminados (CDC, 2009).
  • Gestantes, crianças e adolescentes também são considerados um grupo de risco devido às alterações metabólicas, imunológicas ou hormonais presentes nesse ciclo de vida (SARPA, 2010).

Formas de exposição

No trabalho:

  • Através da inalação, contato dérmico ou oral durante a manipulação, aplicação e preparo do aditivo químico (CDC, 2009).
  • Destacam-se os trabalhadores da agricultura e pecuária, de empresas desinsetizadoras, de transporte e comércio de agrotóxicos e de indústrias de formulação destes produtos (LONDRES, 2012).

No ambiente:

  • Através da pulverizações aéreas que ocasionam a dispersão dessas substâncias pelo meio ambiente contaminando as áreas e atingindo a população.
  • Consumo de alimentos e água contaminados.
  • Outra forma é o contato com roupas dos trabalhadores com o agrotóxico.

Principais efeitos à saúde

Efeitos Agudos

São aqueles de de aparecimento rápido. Podem surgir os seguintes sintomas (KLAASSEN, 2013):

  • Através da pele – Irritação na pele, ardência, desidratação, alergias
  • Através da respiração -Ardência do nariz e boca, tosse, coriza, dor no peito, dificuldade de respirar
  • Através da boca – Irritação da boca e garganta, dor de estômago, náuseas, vômitos, diarreia
  • Outros sintomas inespecíficos também podem ocorrer, tais como: dor de cabeça, transpiração anormal, fraqueza, câimbras, tremores, irritabilidade.

Efeitos crônico

São aqueles aparecem após exposições repetidas a pequenas quantidades de agrotóxicos por um período prolongado). Podem-se relatar os seguintes sintomas (ANVISA, 2018):

  • Dificuldade para dormir, esquecimento, aborto, impotência, depressão, problemas respiratórios graves, alteração do funcionamento do fígado e dos rins, anormalidade da produção de hormônios da tireoide, dos ovários e da próstata, incapacidade de gerar filhos, malformação e problemas no desenvolvimento intelectual e físico das crianças. Estudos apontam grupos de agrotóxicos como prováveis e possíveis carcinogênicos (ANVISA, 2018).
  • A associação entre exposição a agrotóxicos e desenvolvimento de câncer ainda gera polêmicas, principalmente porque os indivíduos estão expostos a diversas substâncias, sem contar outros fatores genéticos. Porém, é importante salientar que estudos vêm mostrando o potencial de desenvolvimento de câncer relacionado a diversos agrotóxicos, justificando a recomendação de precaução para com o uso e contato.

Ao surgimento de quaisquer sintomas após manipulação de agrotóxicos, recomenda-se a procura por ajuda médica

A classificação dos agrotóxicos utilizada para fins de registro e reavaliação pela ANVISA é baseada no grau de toxicidade destas substâncias Classificação:

Considerando o tipo de ação, os agrotóxicos podem ser classificados como inseticidas, fungicidas, herbicidas, raticidas, acaricidas, desfolhantes, entre outros.

Lista de ingredientes ativos de grande consumo no Brasil com autorização da Anvisa.

A Anvisa disponibiliza monografias (abre em outra janela) nas quais constam resultados de avaliações e reavaliações toxicológicas dos ingredientes ativos destinados ao uso agrícola, domissanitário, não agrícola, ambientes aquáticos e preservante de madeira no endereço

Lista de ingredientes ativos de agrotóxicos com autorização banida pela Anvisa.

Você pode consultar a lista da Anvisa de monografias onde consta a relação de ingredientes ativos de agrotóxicos que não possuem autorização (abre em outra janela) de uso no Brasil.

Considerando a missão do Instituto de promover o controle do câncer com ações nacionais integradas em prevenção, assistência, ensino e pesquisa e considerando o aumento dos problemas de Saúde Pública advindos dos processos inerentes ao uso de agrotóxicos no Brasil, o INCA vem se posicionando publicamente a respeito deste tema, por meio das Notas Técnicas publicadas em 2015 (Posicionamento do instituto nacional de câncer acerca dos agrotóxicos, 2015), em 2018 (Posicionamento do instituto nacional de câncer acerca dos agrotóxicos, 2018 ) e mais recentemente em 2023 (Posicionamento do instituto nacional de câncer acerca dos agrotóxicos, 2023), na qual reforça mais uma vez o seu parecer.

Existem alternativas?

Agroecologia

A agroecologia deve ser compreendida como Ciência e prática interdisciplinar que considera não só o conhecimento científico advindo das Ciências Agrárias, da Saúde, Humanas e Sociais, mas principalmente as técnicas e saberes populares (dos povos tradicionais) que incorporam princípios ecológicos e tradições culturais às práticas agrícolas gerando uma agricultura sustentável e promovendo a saúde e a vida digna. Tem como princípios fundamentais a solidariedade, sustentabilidade, preservação da biodiversidade, equidade, justiça social e ambiental, soberania e segurança alimentar e nutricional.

Em 2022, a Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer fez o lançamento do livro Caminhos da agroecologia: cultivando a vida nos territórios do Rio de Janeiro (abre em outra aba). A publicação aborda assuntos voltados para convergências entre os campos da Agroecologia, Saúde do Trabalhador e da Promoção da Saúde, bem como o uso da imagem como uma estratégia de comunicação alternativa para problematizar agroecologia e sua relação com a saúde nos territórios. Apresenta ainda seis experiências agroecológicas do estado do Rio de Janeiro que participaram do Projeto de Exposição Fotográfica “Caminhos da Agroecologia: cultivando a vida”.

Para outras informações, visite a nossa página sobre alimentação de origem vegetal.

Referências Bibliográficas

Fonte: Ministério da saúde – Gov.br

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