Com tema ‘Comunicação, democracia e desigualdade social’, o debate sobre o alvoroço em que se encontra o Brasil sob a administração de Bolsonaro – e seu fascismo, ódio e fake news – lotou o Auditório Central da UFMA na última quinta-feira (12). Em seu desfecho, a leitura do manifesto ‘Nós participamos’, em apoio à Agência Tambor, fez renascer a reflexão atemporal sobre a importância de comunicação independentes, antioligárquicos e democráticos no Maranhão – algo que sempre esteve em falta, independente do governo estadual vigente.
Em poucas linhas, o manifesto traçou o contraditório paralelo entre a situação política nacional – de um governo direitista – e a local – de um autodeclarado esquerdista. Em seguida, denunciou o esquema midiático centenário que invisibiliza pautas importantes de setores já oprimidos da sociedade maranhense. “Neste estado, os coronéis da mídia vivem como parasitas do dinheiro público, entre subserviência ao poder e seus interesses patrimonialistas”, diz. Foi assinado por mais de cem pessoas, dentre professores, defensores dos direitos humanos, comunicadores, sindicalistas, artistas, juristas, lideranças sociais e religiosas.
O debate, que se iniciou com a recapitulação da história da mídia no Brasil e como ela culminou na política do fundamentalismo e das meias-verdades vista nas últimas eleições presidenciais, foi conduzida nas perspectivas dos três convidados do evento: do evangélico Lydon; da feminista carioca e editora da Revista Brejeiras, Cristiane Furtado; e de uma das fundadoras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Rosa Gregório. Além de estudantes, o público foi composto dos mais distintos setores da sociedade.
“Foi um encontro que reuniu faixas etárias e lugares de fala diferentes. Foi muito potente”, contou a carioca. Segundo Cristiane, possibilitar um espaço físico que junte jovens e lideranças históricas maranhenses – e ela mesma, como sudestina – foi um aspecto importante para quebrar barreiras e formar frentes de resistência em um Brasil atualmente tão dividido:“que esses tambores possam soar cada vez mais longe, que a gente possa ouvir esses brados daqui, para que a gente possa se comunicar e se ouvir de fato”.
Ao falar do manifesto, Lyndon reforçou a pluralidade das assinaturas, que deixam claras que a Agência Tambor está a serviço da sociedade e não de um grupo específico.
A quebradeira de coco Rosa Gregorio, outra debatedora, disse que a mídia hegemônica não dá voz aos movimentos populares. Mesmo quando os grandes veículos entrevistam as lideranças populares, o que é publicado não serve aos movimentos.
“Quando nós vamos falar dos nossos problemas, essa informação se perde no meio do caminho”, diz Rosa ao falar sobre a edição ocorrido em grandes veículos de comunicação.
“O que eu falo, não vai agradar. Então, se é pra agradar só uma parte do público, esse tipo de comunicação não me serve”, explicou a quebradeira de coco.