O sensacionalismo é tão conhecido quanto repugnante. As manchetes da mídia oligárquica do Maranhão noticiaram que, no último dia 28 de outubro, um “médico morreu em acidente de carro” no Campo de Perizes, na BR-135, em um trecho próximo ao município de São Luís do Maranhão.
A desgraça, por si só, não precisa ser notícia. Este é mais um caso em que a informação sobre a ocorrência trágica torna-se inútil, pois não se trata do fundamental: o interesse público.
No caso do acidente recente, o dever de casa é tratar da insegurança das estradas, associada à necessidade evidente de um maior controle de velocidade.
O trânsito rápido nas estradas coloca em risco incontáveis inocentes, começando pelas pessoas que vivem em comunidades cortadas por rodovias, até aquelas que se deslocam em ônibus, caminhões, carros e motos.
Até quando será considerado aceitável o excesso de velocidade nas nossas rodovias? Até quando tanta dor e sofrimento devido à violência (velocidade) no trânsito?
Números e Vidas
De acordo com levantamentos realizados recentemente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre janeiro e setembro de 2024, foram registrados no Maranhão 812 sinistros de trânsito, com 863 feridos e 195 óbitos.
Muitos desses acidentes foram atribuídos a causas como “reação tardia ou ineficiente do condutor” e “velocidade incompatível”.
Durante a Operação Extremus, por exemplo, em quatro dias, foram registradas mais de 670 infrações de trânsito, das quais a maior parte foram casos de excesso de velocidade, totalizando 274 ocorrências.
Esses números recentes são graves e preocupantes. Os dados referem-se apenas às atividades operacionais realizadas de 15 a 18 de outubro deste ano nas cidades de Santa Inês, Santa Luzia do Paruá, Maracaçumé, Santa Luzia do Tide e Buriticupu, municípios cortados pelas BRs 316 e 222.
Nessa operação, mais de 50 veículos foram removidos por estarem transitando em desacordo com o Código de Trânsito Brasileiro e apresentarem irregularidades, como débitos de multas por infrações de trânsito e condutores inabilitados.
Ainda de acordo com a PRF, até o último dia 15 de setembro, foram contabilizadas 181 mortes em rodovias federais que cortam o Maranhão, sendo a maioria dos acidentes motivados por colisões frontais, seguidas por situações de mudança de faixa, direção na contramão e ultrapassagens proibidas.
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Somente no mês de setembro, foram 18 mortes em 48 acidentes, que ainda deixaram 45 pessoas feridas, o que representa uma média de uma morte por dia durante esse período nas rodovias federais do estado.
As BR-010, BR-135 e BR-226 foram consideradas as mais violentas, contabilizando quatro mortes cada.
Há uma necessidade premente de uma fiscalização mais rigorosa para controlar o excesso de velocidade e impor o cumprimento das leis de trânsito.