Telas exploram a relação entre luz, sombra e paisagem da capital maranhense São Luís ganhou um novo espaço de contemplação artística com a abertura da exposição “A luz ludovicense”, do pintor Moura Júnior. Inaugurada em 23 de setembro, a mostra apresenta 18 telas em acrílico que exploram a luminosidade única da cidade e sua relação com paisagens, igrejas e cenários urbanos. A visitação é gratuita e segue até 27 de novembro, no Espaço de Artes Ilzé Cordeiro, localizado no Centro Cultural do Ministério Público, no Centro da capital.
Segundo o artista, a ideia nasceu a partir da reflexão de que cada lugar do mundo possui uma luz própria. “Esse foi o meu ponto de partida: olhar para São Luís e buscar a sua identidade luminosa. A luz é o que constrói a atmosfera da cidade, é o que dá vida às cores”, explicou Moura Júnior em entrevista ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.
[Veja entrevista na íntegra ao final desta matéria.]
A exposição marca a segunda fase do projeto, iniciado meses atrás, quando uma primeira versão foi apresentada no Ministério Público do Jaracati. “Naquela ocasião conseguimos vender quase todas as obras. Agora trago uma nova seleção, ajustada ao espaço físico do Centro Cultural”, contou o artista, que define a série como uma coleção em constante diálogo com a cidade.
Nascido no bairro do Lira, em São Luís, Moura Júnior cresceu em um ambiente cercado por arte, influenciado pelo padrasto, o pintor RS Carvalho, criador do estilo conhecido como casaril maranhense. Ainda adolescente, mergulhou nos estudos de pintura e, ao longo da carreira, já produziu milhares de telas, além de expor em diferentes estados do Brasil. “Foram mais de 25 anos de trajetória, sempre buscando traduzir emoções por meio da técnica e do olhar sobre o cotidiano”, relembra.
A técnica utilizada em A luz ludovicense é a pintura acrílica com espátula, recurso que, segundo o artista, permite criar texturas e movimentos que intensificam a vivacidade das cores. “Para construir a luz é preciso, primeiro, trabalhar a sombra. A sombra fabrica o tom da luz. Esse jogo cromático é o que dá a sensação de vida às paisagens”, destacou.
Entre as obras expostas, as que retratam igrejas ocupam lugar especial na trajetória do pintor. “A Igreja dos Remédios, por exemplo, foi uma das minhas telas premiadas no Salão de Artes 30 Cores de Maio, em 2023. Também tenho um carinho pela Igreja do Desterro, que costumo pintar em meio a festas juninas, com personagens inseridos a partir da minha imaginação. São obras que carregam muito da identidade cultural maranhense”, afirmou.
Para Moura Júnior, a exposição vai além da contemplação estética. Seu objetivo é provocar no público uma reconexão com a cidade. “Quero que as pessoas se apaixonem novamente pela ilha. Que reconheçam nos quadros a São Luís que vivem, mas também descubram detalhes que talvez nunca tenham reparado. A arte pode despertar esse olhar novo para o lugar de onde viemos”, defendeu.
A trajetória do artista também inclui experiências inusitadas, como as pinturas ao vivo em cerimônias de casamento, prática que já lhe garantiu agenda até 2026. Além disso, obras de sua autoria integram acervos institucionais, como o do Museu Nacional de Brasília. “São registros importantes que fazem parte da minha história, mas o que me move mesmo é poder compartilhar o amor por São Luís”, afirmou.
Ao final da entrevista, Moura Júnior deixou um convite direto ao público. “Não se trata apenas de visitar uma exposição, mas de mergulhar na nossa cultura. Quero que as pessoas sintam orgulho da nossa cidade e que enxerguem, através da arte, novas formas de amar São Luís.”
A exposição A luz ludovicense pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 15h, até o dia 27 de novembro, no Centro Cultural do Ministério Público, em São Luís.
👉 Assista a entrevista Moura Júnior ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.