Articular a luta dos povos do cerrado maranhense contra o avanço do agronegócio, um dos principais elementos que impactam negativamente a vida das comunidades indígenas e não-indígenas da região, foi o foco central do I Encontro dos Povos do Cerrado, realizado de 09 a 11 de outubro no território Krenjê, do povo Krenjê, no município de Tuntum, Maranhão.
Participaram do encontro missionários do CIMI/MA, povos indígenas Apanjêkra Canela, Krenjê e Krepym Catije, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Questões Agrárias (NERA/UFMA), a Escola de Ativismo, a Campanha Agro é Fogo e comunidades sertanejas da região.
Os povos indígenas iniciaram a programação com um ritual de abertura ao som de maracás e cantos tradicionais. Em seguida, o povo Krenjê compartilhou seu histórico de luta pela conquista de seu território.
Eles também destacaram o apoio da Teia de Povos e Comunidades Tradicionais, além de outras organizações civis aliadas, que contribuíram para essa conquista.
Histórico
Após quase 80 anos de expulsão de seu território tradicional, luta, êxodo e sofrimento, em 11 de junho de 2018, o povo Krenjê obteve uma decisão judicial final favorável nos autos da ação civil pública demarcatória nº 18327-63.2012.4.01.3700.
Foi um momento de grande emoção para o povo Krenjê e para todos os povos da Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão. O juiz titular da 13ª Vara da Justiça Federal do Maranhão proferiu sentença determinando à União a imediata aquisição da reserva indígena para o povo Krenjê.
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Somente com a efetivação da compra da área seria possível garantir tanto o cultivo da terra quanto a reprodução física e cultural do povo. A área de cerca de 8 mil hectares, onde hoje vivem as famílias Krenjê, foi escolhida através de um edital de aquisição de imóveis lançado pela FUNAI em 2015.
Fonte: CIMI/MA