As tragédias humanas e ambientais provocadas pela Vale ao longo dos anos são muitas. Entre os casos mais graves estão o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015, e o rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), em 2019.
Esses são apenas alguns exemplos em meio a vários. Devido ao histórico negativo da Vale em relação a crimes socioambientais, a mineradora foi eleita, em 2012, a pior empresa do mundo em termos de direitos humanos e meio ambiente, pelo Prêmio Public Eye. Essa premiação é realizada desde 2000 pelas ONGs Greenpeace e Declaração de Berna.
No Maranhão, a Vale continua sendo responsável por tragédias. Uma mulher de 56 anos, identificada como Divina Miranda, morreu após ser atropelada por um trem da Vale na Estrada de Ferro Carajás, no ultimo dia 20 de outubro, no município de Bom Jesus das Selvas.
Após mais essa tragédia inaceitável envolvendo a empresa, a comunidade fechou a ferrovia e realizou protestos. A Associação Justiça Nos Trilhos e os moradores exigem justiça.
O Jornal Tambor de quinta-feira, 24 de outubro, entrevistou Morgana Meirellys, advogada popular e integrante do núcleo jurídico da Associação Justiça Nos Trilhos.
(Veja, ao final do texto, a íntegra da entrevista).
Segundo Morgana, o Justiça Nos Trilhos acompanhará e denunciará todas as violações cometidas pela Vale para que a empresa seja responsabilizada por esse crime.
“Além disso, vamos analisar como está a relação da mineradora com o território, se há previsão de implementação de estruturas de segurança, por exemplo, e se a empresa deixou de cumprir essas obrigações. Vamos exigir isso da Vale”, ressaltou a advogada.
Ela explicou que, devido à instalação da Estrada de Ferro Carajás, que afeta diretamente mais de 100 comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, gerando inúmeras violações socioambientais, a Vale precisa se responsabilizar pela implementação de medidas de segurança.
“De acordo com o contrato de prorrogação de concessão, a empresa é obrigada a criar viadutos rodoviários, passarelas para pedestres e vedar a faixa de domínio, para garantir a segurança e o direito de ir e vir dos moradores de Bom Jesus das Selvas”, esclareceu Morgana.
A advogada reforçou que a tragédia que tirou a vida de Divina foi resultado da negligência da empresa, que não cumpriu sua obrigação de priorizar a segurança da comunidade. “A mineradora descumpriu as medidas de segurança, e agora cabe à empresa reparar esse descumprimento judicialmente”, completou a integrante do Justiça Nos Trilhos.
O outro lado
Agência Tambor entrou em contato com a Vale por e-mail e aguarda uma posição da empresa diante de mais esta tragédia. Assim que houver um retorno, nós atualizaremos o texto.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor com a entrevista completa de Morgana Meirellys)