Elas estão adoecidas e sobressaltadas. O assunto virou caso de polícia. Duas mulheres denunciam estar sendo coagidas, ameaçadas, perseguidas e difamadas. O conflito ocorre na Zona Rural de São Luís, no Residencial Natureza, onde vivem 280 famílias.
As denunciantes são as senhoras Hariadna Santos Lira e Silvia Santos Lira, lideranças da Associação de Moradores do Residencial Natureza. O caso foi registrado em um Boletim de Ocorrência na Delegacia do Maracanã no dia 8 de agosto.
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A origem do conflito é a posse da terra no Residencial Natureza e a luta pela preservação ambiental na Zona Rural de São Luís.
Silvia e Hariadna (mãe e filha) fazem parte do Movimento de Defesa da Ilha, da Rede Emaranhadas e de outras articulações e movimentos que lutam por dignidade e pela proteção da vida e da natureza no Maranhão.
O Jornal Tambor, desta segunda-feira (12/08), tratou do assunto. Entrevistamos Silvia e Hariadna.
(Veja, ao final deste texto, o Jornal Tambor com a íntegra da entrevista de Hariadna e Silvia.)
Silvia e Hariadna informaram que o caso também foi registrado recentemente na Casa da Mulher Brasileira, um dos eixos do Programa Mulher Viver sem Violência, retomado pelo Ministério das Mulheres em março de 2023. A Casa é um espaço com serviços especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres.
O conflito no Residencial Natureza ocorre por conta da luta pela posse da terra, onde a comunidade tem conseguido vitórias na Justiça. Já houve três decisões favoráveis à comunidade, mas ainda há uma situação em litígio. O problema é esse.
Um cidadão está tentando comprar lotes na região em litígio, o que prejudica a luta coletiva. Além disso, essa mesma pessoa estaria promovendo ataques ao meio ambiente, criando problemas que comprometem o interesse coletivo da comunidade.
As moradoras relataram que uma pessoa chamada Antonio Norberto José da Silva é quem estaria agindo contra as lideranças femininas e contra o interesse da comudade. O nome dele está registrado no Boletim de Ocorrência e na Casa da Mulher Brasileira.
Para Dona Silvia, o problema provocado pela posse de terras e a devastação ambiental no Residencial Natureza prejudica a vida das pessoas e seu sustento. As famílias da região são agricultoras familiares. “As pessoas precisam de um pedaço de chão para plantar. Nós só estamos protegendo a nossa comunidade”, completou Silvia.
Fotos: Moradores
Na entrevista para a Agência Tambor, Hariadna lembrou que, por conta dessa luta coletiva, elas foram atacadas em um site de notícias conservador, que, segundo elas, trouxe informações “falsas e desrespeitosas”.
“Me senti triste, coagida, ameaçada”, disse Hariadna, que é mãe de uma criança autista e presidenta da Associação de Moradores do Residencial Natureza. Ela afirma que está sofrendo “acusações horríveis” e que a situação “está impactando todo o emocional de minha família”.
(Abaixo, o Boletim de Ocorrência)
Em nome do contraditório, a Agência Tambor abre espaço para as pessoas denunciadas na Polícia Civil e na Casa da Mulher Brasileira, pela senhoras Silvia e Hariadna.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor com a entrevista completa de Hariadna e Silvia)