Skip to main content

Onde grilagem é Lei: Encontrão da Teia expõe força em favor da vida

O Maranhão foi o Estado mais desmatado do Brasil no ano de 2023. O agronegócio avança, apoiado na grilagem de terras e na pistolagem, com os agrotóxicos sendo usados como armas químicas.

A violência define a conjuntura, com a insegurança e a fome rondando o povo maranhense, enquanto oligarcas falam cinicamente em “paz, desenvolvimento, emprego e renda”.

Em oposição a este antigo projeto de morte, povos e comunidades tradicionais reafirmam que querem viver. Mais do que isso, eles querem o Bem Viver.

O assunto aqui é o 15º Encontrão da Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, que reuniu mais de mil pessoas, entre lideranças de todas as regiões do Estado.

A atividade ocorreu entre os dias 25 e 30 de agosto, no território Alegria, no município de Timbiras.

Com o tema “Na Retomada da Luta, a Vida Floresce e o Bem Viver Acontece do Jeito que a Gente Quer”, o Encontrão reuniu quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco, ribeirinhos, militantes de organizações sociais e movimentos populares. Foram seis dias de integração e compartilhamento. A Agência Tambor esteve lá.

As místicas contaram com a presença de pajés, rezadores e benzedores; com maracás, tambores e cantorias unindo forças para enfrentar os desafios.

Na programação, as comunidades e povos do Maranhão compartilharam suas histórias de luta, resistência e retomada dos territórios. Houve uma homenagem à memória de Dona Máxima, Dona Adriana e Seu Raimundo, além da Feira do Bem Viver.

Leia também: Povos e comunidades tradicionais! Posse da terra é fundamental para soberania alimentar no Maranhão

Grilagem é um problema central

Ao falar sobre um encontro que reúne povos e comunidades que vivem em centenas de comunidades das zonas rurais do Maranhão, é impossível não lembrar da Lei 12.169, sancionada pelo atual governador Carlos Brandão, no dia 19 de dezembro do ano passado.

Quais as desgraças que já estão ocorrendo por conta desta Lei, batizada por mais de 200 organizações sociais como a nova Lei da Grilagem de Terras do Maranhão?

E ao falar de povos e comunidades e da nova Lei da Grilagem, é impossível não lembrar que, enquanto o Encontro da Teia estava acontecendo, a Justiça do Maranhão cancelou um registro de 90 mil hectares de terra de uma fazenda no município de Tutoia, por conta de fraude nos documentos.

Este caso do Baixo Parnaíba é só uma mostra de como o latifúndio se estabelece no Maranhão, abrindo as portas para o agronegócio.

Durante a realização do 15º Encontrão da Teia, colaboradores abordaram diversos temas relacionados à necessidade de posse de territórios, hoje atacados pela pulverização de agrotóxicos, uma guerra química que adoece pessoas e contamina as águas.

Rosa Tünycwyj Tremembé e Rosa Gregória | Foto: Lívia Lima / Agência Tambor

As comunidades e os povos tradicionais falaram sobre suas vidas, das conquistas, vitórias, além das violências sofridas com os ataques aos seus territórios.

Tratou-se de uma realidade que historicamente impôs um processo de migração forçada, tráfico de pessoas e trabalho escravo, além do assassinato de lideranças.

O Encontrão da Teia avaliou a conjuntura, incluindo a relação da posse da terra com o combate à fome.

A terra é apontada como fundamental para a segurança alimentar de povos e comunidades do Maranhão, sendo também essencial para as novas gerações.

O Jornal Tambor de quinta-feira (29/08) tratou exatamente da relação entre segurança alimentar e posse dos territórios. Entrevistamos a indígena Rosa Tünycwyj Tremembé e a quebradeira de coco Rosa Gregória, direto do Encontrão da Teia.

Foto: Lívia Lima / Agência Tambor

Ao final do Encontrão, os encaminhamentos foram feitos e uma novidade foi a necessidade de discutir os processos eleitorais, também marcados no Maranhão por violência e todo tipo de abuso de poder.

O Encontrão é uma ação articulada por organizações como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), o Movimento das Pescadoras e Pescadores Artesanais (MPP), o Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom) e o Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (Miqcb).

Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x

Acesso Rápido

Mais buscados