Imagem: Marcha Mundial das Mulheres
A conexão de internet na zona rural de São Luís é muito ruim, mas nós conseguimos ouvir Dona Maria do Ramos, pescadora, moradora e liderança da Camboa dos Frades, comunidade rural quilombola de São Luís, atingida por crimes sociais e ambientais promovidos por algumas empresas, entre elas a Suzano Papel Celulose, Eneva e Vale.
(Veja abaixo o Jornal Tambor com Dona Maria do Ramos no dia 10/03/2022)
Na região, pelo menos três igarapés foram assassinados, comprometendo a sobrevivência de cerca de 70 moradores que tiram sua renda principalmente da pesca, e também afetando toda a biodiversidade.
“Estamos praticamente sem renda e impossibilitados de trabalhar”, denunciou a liderança da comunidade.
Durante sua fala, Dona Maria também declarou que a situação da comunidade está igual à Ucrânia, país que hoje enfrenta uma guerra, com mortes e ameaças permanentes. Inclusive afirmou que seria uma luta desigual com pessoas poderosas.
De acordo com a pescadora, as violações das empresas acirraram em 2020. Atualmente os moradores da região vivem praticamente isolados, já que as estradas estão ocupadas pelos empreendimentos instalados. Devido a isso, as pessoas precisam andar KM para sair da comunidade.
Além das estradas, as empresas praticamente privatizaram o mar e tiraram dos pescadores o acesso à ele. Dona Maria evidenciou que “pelo mar já não se pode fazer mais nada”. “A situação vai ficando cada vez mais difícil”, lamentou ela.
Após as denúncias dos moradores, a Marcha Mundial das Mulheres, em conjunto com os co-vereadores do Coletivo Nós, requisitaram a intervenção da Defensoria Pública do Estado e do Ministério Público do Maranhão.
Enquanto isso, a comunidade Camboa dos Frades – que somente quer viver e trabalhar em paz no seu território – está cada dia mais sofrendo com as consequências do progresso predatório, com empresas violando – literalmente – seu direito de ir e vir, além de sua sobrevivência.
(Veja na íntegra o Jornal Tambor com Dona Maria do Ramos )