EDITORIAL*
Não se trata de culto à personalidade. A questão está ligada ao valor pedagógico de uma biografia, associada a uma luta social. É a crença de que uma militância política, com seus acertos e erros, pode educar pelo exemplo.
Trata-se de entender a vida como um processo, onde se pode e deve aprender com os que chegaram antes de nós. É o que alguns chamam de ancestralidade. É fazer da vida, já vivida, semente.
Por isso faremos uma biblioteca batizada com o nome de Freitas Diniz. É um projeto social, cultural e político, além da evidente homenagem.
Falar de Freitas Diniz é tratar do combate ao coronelismo, da luta contra uma estrutura oligárquica presente no Maranhão. É denunciar um poder que, associado a enclaves econômicos, agronegócio, latifúndio e mineração, segue matando de bala, fome, sede e envenenamento.
Lembrar de Freitas é tratar do combate a uma ditadura que promoveu todo tipo de atrocidades, marcada pela violência, corrupção, assassinatos, censuras, torturas, incluindo perversidades contra crianças, estupros, inclusive de grávidas.
Citar Freitas é defender a liberdade de expressão e de crítica, é registrar bons momentos do jornalismo maranhense, onde os fatos não foram silenciados, nem estiveram submetidos à manipulação do poder e do dinheiro.
Reivindicá-lo é acreditar que utopia e pragmatismo têm um ponto de convergência, com parlamentos e partidos políticos podendo estar a serviço da democracia, da justiça social e dos Direitos Humanos.
Registrar Freitas Diniz é contribuir para que a História não seja fraudada, é dar importância e valor à memória.
E associar o nome de Freitas a uma biblioteca é agir em absoluta sintonia com a verdade.
Ele valorizou e fez bom uso dos livros. Submeteu seu conhecimento ao interesse público. Vivenciou algo inteiramente antagônico as práticas de pseudointelectuais elitistas, facilmente encontrados em nossa região, que agem exclusivamente a serviço de suas vaidades, tão ridículas quanto medíocres.
A luta de Freitas Diniz é necessária. Por isso ela segue presente!
*Editorial da Agência Tambor para o programa História Viva, do dia 19 de março de 2022. O tema foi "Os Autênticos do MDB e o legado de Freitas Diniz". O programa pode ser revisto no YouTube da Agência Tambor.