O povo indígena Tremembé sempre esteve na luta pela demarcação de seu território, localizado no município de Raposa (MA).
“Nosso povo já estava na região, a cidade chegou depois. Continuamos resistindo à invasão do colonizador”, disse Rosa Tünycwyj Tremembé.
Recentemente, a etnia encontrou em suas terras, de nome Caúra, reivindicada à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), placas escritas “Seu condomínio é aqui!” e stands de vendas da construtora Canopus.
Isso gerou preocupação nos indígenas, por já estarem em processo de demarcação.
“Nos sentimos ameaçados. Que uma empresa como a Canopus fosse ocupar um espaço reivindicado por nosso povo”, destacou ela.
O povo Tremembé levou a situação ao conhecimento da FUNAI, da Defensoria Pública da União (DPU), do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e do Ministério Público Federal (MPF).
Por conta disso, no último dia 3 de maio, o MPF realizou reunião entre estas entidades, lideranças da etnia Tremembé e representantes da Canopus. A construtora foi pedida para esclarecer sobre a instalação desses stand de vendas na área reivindicada pelos indígenas.
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O procurador da República Hilton Melo também atualizou as lideranças indígenas presentes, sobre como está o andamento da ação civil pública para a delimitação e demarcação da terra indígena.
Além disso, o MPF informou que agendará uma visita, com o apoio do Conselho Indigenista Missionário (CIMI/MA), ao território reivindicado para avaliar e registrar a situação.
“Achamos super importante a ida do procurador em nosso território”, destacou Rosa. “Pode ser um passo importante para a demarcação, para que ele veja a situação com os próprios olhos”, argumentou.
Os representantes da construtora Canopus presentes, informaram que o stand de vendas foi instalado em área cedida por um suposto proprietário particular.
No entanto, ao saberem que a região está sendo reivindicada pelo povo Tremembé, disseram que a empresa não tem mais a intenção de adquirir o terreno. E se comprometeu a encaminhar ao MPF, documentação com estas informações, no prazo de 10 dias.
Já o representante da FUNAI também falou sobre o processo de demarcação do território. E afirmou que a próxima etapa será a constituição de um grupo de trabalho.
“Nos unimos para mostrar que o povo Tremembé não morreu e continua existindo”, ressaltou Rosa. “Por isso lutamos pelo território, para que possamos dar continuidade a nossa existência, a nossa cultura, onde possamos viver em paz. Nosso direito é um direito originário!”, reiterou a liderança indígena.