Na última sexta-feira (29) o trabalhador rural Edvaldo Pereira Rocha, uma liderança quilombola, foi assassinado no município de São João do Soter. Na região existe um conflito judicializado, inclusive com uma empresa de agronegócio.
No Maranhão, já são sete assassinatos ligados a conflitos agrários no período de dois anos. Isso está diretamente associado ao avanço do latifúndio e do agronegócio, que também promove crimes ambientais, com a degradação de rios e a devastação de áreas verdes.
Para tratar dessas questões, o Jornal Tambor desta terça-feira (03) entrevistou Chico Miguel, um dos diretores da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultoras e Agricultores Familiares do Maranhão (FETAEMA).
(Veja abaixo a entrevista com Chico Miguel no Jornal Tambor)
Chico Miguel esclareceu que estas violências recorrentes são causadas pelo governo federal. O presidente Jair Bolsonaro incentiva a violência, criminaliza os camponeses, possibilita o aumento de armas e desmontou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que trata de questões ligadas ao campo.
O município que Edvaldo Pereira morava integra a região conhecida como Matopiba (com áreas no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Ali, segundo Chico, a plantação da soja tem crescido. O que gera ainda mais conflitos.
O dirigente da FETAEMA também afirma que a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) contribuiu para esta violência, ao conceder licenças ambientais a empreendimentos ligados ao agronegócio.
Por conta disso que a FETAEMA, junto a Defensoria Pública do Maranhão e a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), moveram ação para sanar a prática. O governo maranhense se comprometeu a consulta prévia às comunidades, para a liberação dessas licenças. “Temos que fazer a resistência, porque está em jogo uma luta de anos”, disse Chico.
Ele também ressaltou que os 42 deputados estaduais do Maranhão estão calados diante ao assassinato de Edvaldo. Por esta falta de mobilização que o diretor da FETAEMA vê como fundamental ocupar os espaços políticos. “Temos que ser protagonistas nesse campo político”, afirmou.
Para Chico, a morte de mais uma liderança quilombola demonstra a importância do investimento na agricultura familiar. Ele diz que só desta forma o Maranhão poderá melhorar os seus índices sociais. Chico Miguel lamenta que “hoje no Maranhão o agronegócio avança e a pobreza aumenta”.
(Veja a entrevista com Chico Miguel no Jornal Tambor, em nosso canal de Youtube)