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Camila Muypurá fala do Marco Temporal e de um Brasil nascido do estupro

Camila Muypurá.

O racismo é hoje um problema que está no centro do debate político brasileiro. No Maranhão, somente na Terra Indígena Araribóia, foram assassinados 23 indígenas nos últimos quatro anos.

A extrema direita, que chegou ao poder com Bolsonaro, se alimenta desse ódio contra negro e indígenas. É uma violência com raízes profundas.

Para falar sobre os povos originários, combate ao racismo, luta institucional e processos de retomada o Jornal Tambor de quarta-feira (17/05) ouviu Camila Muypurá. Ela é indígena do povo Anapuru Muypurá, acadêmica de Direito e reside no município de Chapadinha, no Maranhão.

(Veja, ao final deste texto, a edição do Jornal Tambor com a entrevista de Camila Muypurá)

Camila lembrou uma das mazelas da história do Brasil, quando tornou-se comum mulheres indígenas serem sequestradas e depois estupradas pelos invasores de suas terras.

Trata-se de uma violência ocorrida ao longo de séculos, evidenciando que a miscigenação brasileira vem de estupros ocorridos em série. Somos filhos da barbárie!

Outra mazela foi a invasão das terras. Com a criação do primeiro Ministério do Povos Indígenas (MPI) na história do Brasil, retorna à possibilidade de demarcação das Terras Indígenas.

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Além disso, busca-se ouvir os povos originários, que ainda não tiveram suas terras reconhecidas. Com o novo Ministério, o país amplia a possibilidade haver um processo de reparação histórica.

Camila destacou que a luta do povo Anapuru Muypurá é permanente e repleta de violência, desde 1880.

“O Brasil é indígena, eu gosto de ouvir a história do meu povo sendo contada pelos meus. A nossa maior luta é o território”, ressaltou a acadêmica de direito.

O processo de retomada de povos como os Anapuru Muypurá ainda é um desafio. Camila lembrou da falta de conhecimento das pessoas sobre a história do país, contribui para o apagamento da identidade dos povos.

Outro assunto tratado na entrevista no Jornal Tambor foi o julgamento do marco temporal, agendado para o mês de junho, no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Existe uma mobilização muito grande do povo indígena em relação ao marco temporal, porque é o nosso destino. Vamos ter território ou não?”, questionou Camila. “Alguns territórios que foram demarcados podem sofrer com esse julgamento”, diz ela.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Camila Muypurá)

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