Os guetos, ruas, vielas e ‘barracões’ em São Luís estão de luto. Antônio Tadeu Tavares, o Tadeu de Obatalá, que tanto empunhou a sua arte e poesia em defesa da democracia e de uma sociedade mais igualitária, nos deixou. Foi para a ancestralidade.
Na madrugada de segunda-feira (06/05), Tadeu de Obatalá sofreu um infarto e morreu aos 60 anos de idade. Porém o seu legado, suas canções estão eternizadas.
Uma voz que silenciou, mas que não deixará de ecoar o seu grito de liberdade: “é um novo tempo de alegria…abre as asas sobre nós, a nossa democracia….o fascismo até tentou nos fazer temer….os porões da ditadura nunca mais vão aparecer”, entoou Tadeu de Obatalá, em 2023, na canção Aquilombando Aquilombar, feita para o bloco Afro Akomabu.
Sua história
Tadeu fazia parte do Akomabu desde ano de 1987 e teve uma vida dedicada a compor músicas que representam a cultura afro.
No Akomabu, primeiro bloco afro do Maranhão, com 40 anos de existência, Obatalá compôs diversas músicas.
Em uma delas, na canção 13 de Maio, ele refletiu que “a nação nagô, não faz festa não, em protesto ao dia que diz que o libertou”, e denunciou o “marginalizou, jogou na outra escravidão….eu não vou festejar redentora que a história diz por aí…recusa nação nagô falso herói que a história quer te dar o chicote”.
Tadeu de Obatalá era membro do Centro de Cultura Negra do Maranhão e também era integrante da Banda Guetos.
O músico era parceiro de Paulinho Akomabu, do saudoso Escrete e de outros mestres da cultura negra do Maranhão.
O álbum “Lida”, onde Obatalá e parceiros gravaram composições com temáticas como liberdade, realidade social e o cotidiano, garantiu a Banda Guetos três prêmios no Prêmio Universidade FM, em 2001. Nas categorias prêmio virtual, melhor reggae e melhor CD de reggae.
Entre tantos, que passaram pela citamos Ed Cândido, Serginho Barreto e Saci Teleleu.
Tadeu foi ancestralidade VIVA. E agora encantou. Deixou sua marca na cultura, na resistência e na luta do povo preto.
Viva Tadeu de Obatalá! Viva nosso griô maranhense.