O tradicional Festejo de São Bartolomeu, no Quilombo Rampa, em Vargem Grande (MA), celebra neste ano de 2023, duzentos e cinco anos de tradição cultural e religiosa. O tema do evento é “Nosso senhor perguntou, aonde vai São Bartolomeu? Vou aqui a mão direita, em buscai de vós senhor”.
O professor e comunicador popular Raimundo José, quilombola e integrante da TV Quilombo, explicou que “todos os meses de agosto celebramos São Bartolomeu. O nosso festejo começou no século dezenove com nossos antepassados e mantemos até hoje nossa tradição, história e resistência”.
Raimundo conta que essa tradição vai passando de geração para geração, sempre com mais vitalidade. “Durante os festejos temos novenas todos os dias, que aqui chamamos de ‘reza de pé do altar’. Cada noite uma comunidade da região ou movimento social é responsável pela organização, integrando todos da localidade”.
Um dos pontos mais marcantes do festejo acontece no dia 23 de agosto, com o tradicional encontro das imagens de São Bartolomeu, São Luís, São Francisco e São Raimundo Nonato, na Tapera de Sabino, com procissão e noite cultural.
Sempre no dia 24 de agosto, de cada ano, acontece o ápice dos festejos e o encerramento da festa. “Logo cedo, às cinco da manhã, temos a alvorada festiva com as tradicionais charangas e missa. À tarde, a partir das 13h, temos a vesperal, festa dançante. Às seis da tarde temos a grande procissão de São Bartolomeu pelas ruas do quilombo e, em seguida, festa até o amanhecer do dia 25”, disse Raimundo, enfatizando que “a cada ano é um ano mais movimentado que o outro”.
Histórico
O Festejo de São Bartolomeu acontece desde a fundação do Quilombo Rampa, em 1818, com início sempre no dia 15 de agosto e encerramento no dia 24 do mesmo mês.
De 1818 até 2019, foram 201 anos ininterruptos de tradição e fé. Somente, em 2020, pela primeira vez na história, o festejo não aconteceu em virtude da pandemia de Covid-19.
O festejo segue o mesmo ritual desde sua criação até os dias de hoje. A abertura é marcada pela reza de pé de altar. São rezas ditas e cantadas em homenagem ao santo padroeiro da comunidade quilombola.
Durante todas as noites da novena, romeiros de diversas comunidades e também de outras cidades visitam o Quilombo Rampa para pagar promessas pelas graças alcançadas.
O festejo é marcado também pelas alvoradas festivas, missas, batizados, festa dançante e o tradicional tambor de crioula tocado durante as noites de reza.