Após ataques racistas na Casa Fanti Ashanti e ao Tambor de Crioula, o defensor público Jean Nunes declarou que o Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Maranhão atuará em defesa da causa.
Na última semana, a Casa Fanti Ashanti sofreu racismo religioso. E o Tambor Crioula da Feira da Praia, realizado há gerações, foi coibido pela Prefeitura de acontecer no seu espaço.
A Agência Tambor chamou o artista, educador e presidente da Federação de Tambor de Crioula no Maranhão, Paulo Dimaré, e a Ekedy do Ylê Axé Alabdê Olodumare e secretária adjunta da Secretaria Extraordinária de Estado da Igualdade Racial, Socorro Guterres, para falarem sobre o tema.
(Veja abaixo a entrevista com Paulo Dimaré e Socorro Guterres no Jornal Tambor nesta terça-feira, 26)
Paulo declarou que estas manifestações explícitas de racismo são recorrentes historicamente. “A cultura popular do povo negro sempre foi perseguida”. Ele afirma que o Tambor de Crioula “não é caso de polícia e sim de congraçamento e resistência”.
Para o educador, o maranhense tem de respeitar e fortificar a cultura negra no Centro Histórico. Fortalecer o tambor que é patrimônio imaterial brasileiro. “Não podemos continuar com esse abuso. Devemos ser mais valorizados”, disse Paulo.
Em sua fala, Socorro Guterres reafirmou que o direito a estas manifestações populares têm sido negadas. E não é preciso da força física para esta rejeição ser violenta. “É um violência moral e psicológica”, disse.
Ela explicou que a estruturação da sociedade brasileira é de uma ideologia discriminatória. Principalmente por religiões de matriz africana, como aconteceu na Casa Afanti Ashanti.
Para assegurar o respeito, Socorro disse que o Estado brasileiro precisa ser laico. E deve criar estratégias de combate ao racismo. “Temos de ter ações antirracistas”.
Denúncias
A Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular e a Secretaria de Igualdade Racial já foram acionadas sobre o racismo religioso que a Casa Afanti Ashanti sofreu.
Além da Defensoria Pública, outros Órgãos também foram procurados. Para Socorro Guterres a impunidade não pode mais acontecer.
“A gente só vai ter democracia, se respeitarmos as populações negras, indígenas e outras discriminadas”, disse ela.
Quanto ao Tambor de Crioula no Mercado das Tulhas (Feira da Praia Grande), Paulo Dimaré informou que ele vai voltar normalmente na sexta-feira, dia 30 de abril.
(Veja a entrevista com Paulo Dimaré e Socorro Guterres no Jornal Tambor, em nosso Canal de Youtube)