O livro “Crônicas de um Piauinauta”, de Edmar Oliveira, foi lançado no dia 22 de junho, no Chico Discos, Centro de São Luís, às 17h.
Na ocasião, houve uma roda de conversa com o autor e o professor maranhense Flávio Reis.
A obra, publicada pela editora Passagens, é uma seleção de textos escritos entre 2007 e 2017 no blog intitulado Piauinauta. Foca no período em que as pessoas passaram de euforia com avanço inclusivo petista ao pesadelo da regressão bolsonarista.
Divididas em cinco partes, estas Crônicas colocam os leitores em contato direto com o estranho mundo que foi se configurando.
Para falar sobre esse assunto, o Jornal Tambor de sexta-feira (21/06) entrevistou o autor.
Edmar é um piauiense que vive há várias décadas no Rio de Janeiro. Além de “astronauta”, ele é médico psiquiatra e cronista.
(Veja, ao final deste texto, o Jornal Tambor com a íntegra da entrevista de Edmar Oliveira)
O autor disse que o livro que as crônicas revelam o retorno do passado no atual cenário social e político.
Ele citou um exemplo recente, que ilustra esse pensamento: o Projeto de Lei 1904/24, que equipara o aborto ao crime de homicídio.
Para o escritor esse PL é o retorno do conservadorismo. “Eu diria que é da idade média. É algo cruel e que remete a um passado antes do século XIX”, evidenciou.
Em relação ao avanço da extrema-direita no poder, Edmar ressaltou que nos últimos anos, o comportamento e o fortalecimento desse movimento no Brasil, pode ser considerado normal daqui alguns anos, devido a perversidade do capitalismo em nossa sociedade.
Ele diz que extrema-direita vem tendo um comportamento perverso e essa perversão, pode se tornar maioria. E isso “assusta muito, porque será uma normalidade trágica”, afirmou o Edmar.
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Sobre o autor
Piauiense do sertão, radicado no Rio de Janeiro há mais de 40 anos, Edmar Oliveira é um conhecido médico psiquiatra. Viveu a efervescência da contracultura, em Teresina através da participação no jornal alternativo Gramma e como protagonista do curta de Torquato Neto, O Terror da Vermelha, filmado em 1972; depois no Rio, onde trabalhou com Nise da Silveira e se alinhou à luta antimanicomial. Foi diretor do Instituto Municipal Nise da Silveira, no Engenho de Dentro (RJ).
Aposentado do serviço público, considera-se um escritor tardio, tendo publicado dois livros sobre a prática em Saúde Mental (sendo Ouvindo Vozes, o mais conhecido), três romances, entre os quais, Sitiado, romance histórico sobre a passagem da Coluna Prestes no Nordeste, e Não Existe Pretérito Perfeito, ambientado nos anos de chumbo da ditadura. Além disso, escreveu contos e muitas crônicas.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Edmar Oliveira)