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EDITORIAL – Carnaval e Miséria

Foto: Reprodução

O frevo nasceu em Pernambuco, no século XIX. E como estaria hoje este ritmo musical, se ele tivesse nascido no Maranhão? No carnaval de rua de São Luís?

A presença de gente como Gusttavo Lima, Leo Santana, Zé Vaqueiro, Alok, Wesley Safadão, Maiara e Maraisa e outras anomalias no “carnaval maranhense”, em 2024, atende apenas a um calendário eleitoral e a interesses econômicos muito bem determinados.

Os shows não respondem ao interesse público. Além do imenso prejuízo cultural, o retorno econômico não justifica os gastos exorbitantes e irresponsáveis.

Mas além do papo fajuto sobre “aquecimento” da economia local e “geração de emprego e renda”, tem outra “argumentação”. É dito que “tem gente que gosta de outras coisas…”.

Sendo assim, seria interessante botar a banda de rock norte-americana Guns N’ Roses, direito de Los Angeles, para tocar na Praça João Lisboa, num domingo de carnaval. Ou seria melhor Beyoncé?

Tem muita gente em São Luís que prefere Guns N’ Roses e Beyoncé, ao cardápio imposto por Braide e Brandão.

Surfar na frivolidade do mercado não é fazer política pública na área da cultura. Não é.

O que seria do frevo pernambucano, diante de um massacre promovido por governantes que “gostam de outra coisa”?

Leia também: Editorial – Lei no Maranhão é incentivo a crimes, um atentado à democracia

Fomento? Nunca!

No Maranhão, pelo que se constata a partir da sua capital, não existe a mínima preocupação ou interesse de fomentar a cultura regional.

Não existe política pública voltada para o fortalecimento dessa cultura local, uma ação de fomento.

Para a elite maranhense e seus políticos conservadores, quando a questão é cultura da terra, o que deveria ser fomento passa por submissão, aliciamento e desprezo.

Aquilo que seria investimento é visto como uma “ajuda” ou um favor, passando por compadrio ou algum tipo de cala-boca.

Ao invés de fomentar, o poder submete artistas, grupos e manifestações populares.

Ao invés de estimular a cultura popular, a relação é clientelista, opressiva, destrutiva, sem nenhuma responsabilidade com a cultura propriamente dita.

Fomentar é estimular. É algo que impulsiona o desenvolvimento, a liberdade. É uma incitação, um incentivo. Ou, num sentido próximo, é um ato ou efeito de proteger, de verdadeiro apoio.

Politica pública de cultura no Maranhão: Gusttavo Lima ou Patativa?

Sem o pão e com Marafolia

A ridícula e perdulária disputa entre Braide e Brandão, ocorrida em 2024 e que resultou num grande desarranjo do carnaval maranhense, tem origem na década de 1990.

Foi a governadora Roseana Sarney que trouxe o primeiro trio elétrico da Bahia, para o Carnaval de São Luís. Isso foi em 1996.

Na época Fernando Sarney – irmão da então governadora e sócio dela no Sistema Mirante – montou o Marafolia, empresa que se tornaria conhecida da Polícia Federal.

Eduardo Braide e Carlos Brandão são crias dessa mesma oligarquia Sarney, de triste memória.

Trata-se do mesmo grupo que levou o Maranhão a chegar no século XXI como o estado mais pobre do Brasil, com dois terços de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza, conforme dados do IBGE.

Hoje, na propaganda do carnaval maranhense, tem a imagem do Fofão, do Bloco Tradicional, do Tambor de Crioula, do Reggae. Mas a política pública e o investimento financeiro não são direcionados para eles.

O dinheiro público no Maranhão fica na mão da elite oligárquica, suas famílias e aliados, além de um trocado para os sabujos. Se reproduz o padrão Roseana-Fernando.

Fernando Sarney do Sistema Mirante e do Marafolia: dinheiro público a serviço do interesse privado

Se o frevo fosse maranhense continuaria sendo lindo e encantador, como são lindas e encantadoras as manifestações artísticas e culturais da terra de Patativa, Cristóvão Alô Brasil e Cesar Teixeira.

Mas esse mesmo frevo estaria hoje atirado num gueto, junto com um fofão esfarrapado, sem qualquer atenção ou cuidado com sua memória e estética. Seria uma foto na comunicação chapa branca.

No projeto de poder dessa elite maranhense, o povo fica com a miséria. Fica sem a terra e sem o pão! Fica com sua vida e sua cultura submetidas ao interesse de máfias.

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Circo, antes do pão…

Riba Um

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