Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho
26/06/2021
Entre os dias 29 de junho e 2 de julho, a Universidade Federal do Maranhão vai receber, de maneira online, a XX Conferência Brasileira de Folkcomunicação. O evento é aberto ao público. As inscrições para acompanhar as palestras, oficinas e grupos de trabalho podem ser feitas no site doity.com.br/folkcom2021.
Ontem (sexta-feira, 25/06), o Jornal Tambor recebeu a professora do curso de Comunicação Social da UFMA, Leticia Cardoso. Além da Conferência Brasileira de Fokcomunicação, a professora tratou de bumba meu boi e cultura popular, temas que são objetos de suas pesquisas.
VEJA ABAIXO A ENTREVISTA
A folkcomunicação é uma teoria originalmente brasileira, idealizada por Luiz Beltrão, cujo objeto de estudo é a comunicação popular e o folclore.
No dia 30 de junho, Letícia Cardoso participa da XX Conferência de Folkcomunicação na palestra ‘’Bumba meu boi: a prática cultural mais popular do Maranhão’’. Também participam da mesa Claudio Sampaio, do Boi Brilho da Ilha; Ribinha, do Boi de Maracanã e Regina Avelar, do Boi de Leonardo.
No mestrado, quando já era professora da UFMA, Leticia conduziu uma pesquisa que analisou como o governo de Roseana Sarney se apropriava das produções artísticas para obter vantagens políticas. A dissertação tem como tema ‘’O teatro do poder: cultura e política no Maranhão’’
No doutorado, Letícia desenvolveu um método para o estudo das culturas populares. O modelo da pesquisadora tem sido utilizado em um grupo de estudo que já realizou trabalhos sobre bandas de rock, grafite, tambor de crioula e outras expressões culturais.
Letícia apontou que ‘’as práticas culturais populares não podem ser vistas somente de forma folclorista, como se elas não se relacionassem a processos políticos, sociais e econômicos.’’
De acordo com a professora, os brincantes lidam de maneira estratégica com a tentativa de empresas e políticos de se associarem aos bois. ‘’Eles [os brincantes] não deixam de produzir as soas toadas, as suas críticas, mesmo tendo apoio de políticos ou de empresários. Eles jogam muito bem nessa arena’’ complementou.
A professora sublinhou que o prestigio cultural e o reconhecimento dos batalhões por vezes se transforma em influência política, usada como ferramenta pelas comunidades. ‘’Não com o mesmo poder que teriam grandes empresas ou políticos estabelecidos, mas com um poder considerável dentro das relações populares’’ ressalvou Letícia.
Questionada por internautas da Tambor sobre a permanência do preconceito contra os brincantes, Letícia afirmou que, por mais que o bumba meu boi tenha adquirido status social, o preconceito continua porque a tradição é muito ligada às classes populares e representa também a questão étnica.
Letícia frisou que ‘’os brincantes não podem ser vistos como passivos, manipulados. O brincante tem capacidade crítica, tem iniciativa, agência’’. Ela ressaltou que o ‘’bumba boi, para as comunidades, é muito mais do que uma expressão artística, é também uma forma política, um modo de comunicação’’
Veja abaixo a edição completa do Jornal Tambor, com a entrevista da professora Letícia Cardoso:
Ouça abaixo a entrevista de Letícia para a Agência Tambor, pela plataforma Spotify: