Ciclistas se uniram pelo Brasil e em diversos países para ‘pedalar’ em homenagem à artista circense e cicloativista venezuelana Julieta Hernández, que foi assassinada em Presidente Figueiredo (AM).
Também denunciar e chamar atenção para violência contra as mulheres. Especialmente pelo direito delas transitarem em bicicletas sem serem assediadas ou até mortas, como no caso de Julieta.
Em São Luís, na sexta-feira (12/01), articulado pelo Pedal das Minas, cicloativistas se mobilizaram no “Pedal Nacional”, partindo do Parque do Rangedor.
Do local, os participantes seguiram até chegar à Praça Nauro Machado, no Centro Histórico da capital.
Na praça ocorreu um ato com diversas atividades, com a participação do Circo Tá na Rua e do Fórum de Artes Cênicas.
Esta foi uma justa homenagem a Miss Jujuba, como era conhecida carinhosamente Julieta Hernández, que teve a sua vida interrompida de maneira brutal.
Ela vivia no Brasil e viajava para a Venezuela de bicicleta para passar as festas de fim de ano com familiares.
O caso
No dia 23 de dezembro de 2023, enquanto estava em Presidente Figueiredo (AM), Julieta Hernández deixou de responder aos contatos dos amigos e familiares e foi dada como desaparecida. Após quase duas semanas, no dia 05 de janeiro deste ano, seu corpo foi localizado.
Segundo a Polícia Civil do Amazonas, a artista circense venezuelana, de 38 anos, foi estuprada e depois queimada antes de ser assassinada em Manaus, na capital amazonense.
O casal Thiago Agles da Silva, 32, e Deliomara dos Anjos Santos, 29, foi preso suspeito de cometer o crime.
A vítima fazia parte do Circo di SoLadies|NemSóLadies, que realiza espetáculos de música somente com mulheres. Nas redes sociais, o perfil do grupo circense lamentou a perda da integrante.
“Nossa palhaça Jujuba carregava seus sonhos na bike e gerava sorrisos pelo Brasil todo. Tiraram ela da gente. Sua vivacidade foi vítima de feminicídio e sua bike destroçada, assim como nossos corações. Tudo isso nos mostra o quanto somos pequenos diante de tamanha brutalidade. Você nos ensinou que é preciso ter a coragem para seguir pedalando. Nos resta a memória do seu sorriso e sua vontade de viver”, destacou.
Mulher tem direito de pedalar!
Em entrevista no Jornal Tambor de sexta-feira (12/01), Paola B. Souto artista, migrante venezuelana e integrante da Pedal das Minas, falou sobre a violência brutal contra Julieta Hernández. Além da dificuldade de transitar de bicicleta em São Luís.
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Para Paola os motoristas, na maioria homens, não respeitam as ciclistas mulheres. Ela relatou que várias mulheres já sofreram algum tipo de acidente enquanto pedalavam na cidade. Isso por conta da falta de ciclovias e ciclofaixas.
Paola também falou que pelo fato de ser mulher é sempre assediada. “Já pedalei em outras cidades do país, mas aqui em São Luís foi o local em que mais me senti ameaçada e violentada enquanto pedalo”, apontou.
A artista também ressaltou que mulheres têm o direito de pedalar sem medo.