Por Emilio Azevedo
23/06/2021
O evento ocorreu ontem (22/06), foi concorrido e teve repercussão política e midiática. Falo do ato onde Flávio Dino e Marcelo Freixo se filiaram juntos ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Dino, como se sabe, é o atual governador do Maranhão e era do PCdoB, onde ficou por 15 anos. E Marcelo Freixo é deputado federal pelo Rio de Janeiro, era do PSOL, da mesma tendência de Marielle Franco, que antes de ser vereadora foi sua assessora parlamentar.
Freixo é pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro. Dino é pré-candidato ao Senado.
Dino e Freixo são acolhidos no PSB, reforçando a ideia de formação de uma frente ampla, que já vinha sendo defendida no Partido. Uma frente para retirar o Brasil das mãos da extrema-direita, reunindo a esquerda brasileira, mas com capacidade para dialogar e atrair diferentes setores mais ao centro.
Dino e Freixo tem em comum a proximidade com o ex-presidente Lula, que é visto hoje, por democratas do mundo inteiro, como uma liderança necessária na atual conjuntura política brasileira.
Uma história de peso
Durante a cerimônia de ontem, em vários discursos, incluindo o dos dois novos filiados, muito se falou da história do PSB.
O Partido Socialista Brasileiro é um dos mais tradicionais partidos do Brasil.
O PSB e os dois partidos oriundos do Partido Comunista fundado em 1922 (PCB e PCdoB) são os únicos partidos de esquerda, criados antes do golpe de 1964.
O PSB foi fundado em 1947, sob o lema “Socialismo e Liberdade”, defendendo entre outras ideias a função social da propriedade, o papel do Estado na economia e a ampliação do direito dos trabalhadores.
Ao longo de sua história, o Partido abrigou figuras de grande relevância. Uma delas foi Francisco Julião, que liderou no Nordeste, na década de 1950, as Ligas Camponesas, movimento fundamental para a luta e o debate pela democratização da terra no Brasil, sendo depois importante inspiração para o surgimento do MST.
Quem também militou no PSB foi a potente Patrícia Galvão, a Pagu, que foi várias vezes presa por razões políticas, tanto no Brasil, quanto na Europa. Pagu foi escritora, poetisa e jornalista, tendo entrevistado personalidades como Sigmund Freud. Outra figura ímpar do PSB foi o dramaturgo Ariano Suassuna, dono de uma vasta obra, autor da peça Auto da Compadecida, que ganhou grande popularidade em adaptações para TV e Cinema.
Atualidade
O PSB hoje é presidido nacionalmente pelo advogado Carlos Siqueira, figura oriunda do PCB, que tornou-se um homem de confiança do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, outra figura de relevância na história do Brasil e do PSB.
Sob o comando de Carlos Siqueira, o PSB vive um processo de autorreforma, onde é discutida a conjuntura e o papel da esquerda (e do partido) no Século XXI.
O PSB tem hoje quatro governadores (Pernambuco, Paraíba, Espírito Santo e agora Maranhão). E entre os partidos brasileiros do campo progressista é o que tem a segunda maior bancada parlamentar, ficando atrás apenas do PT.
No Maranhão, o PSB tem hoje um deputado federal, o ex-sindicalista Bira do Pindaré, atual presidente da Frente Parlamentar Quilombola.
Agora, a ação conjunta de Dino e Freixo é um fato político evidentemente relevante, com consequências nas conjunturas nacional e local.
São dois nomes de visibilidade nacional, com liderança nas regiões onde atuam, que se opõe claramente ao presidente Jair Bolsonaro e que chegam num partido com peso político e eleitoral. Reforçado, o PSB mexeu no tabuleiro.