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9ª Joinpp: ciência e resistências para enfrentar a barbárie

Fonte: Ed Wilson Araújo, jornalista e professor da UFMA

As imagens de Marielle Franco e Rosa Luxemburgo na logomarca da 9ª Jornada Internacional de Políticas Públicas (Joinpp) vão direto ao ponto: a morte dessas duas mulheres não vai calar as vozes nem silenciar as ideias do processo civilizatório.

Pelos caminhos tortos da força bruta que as vitimou brotam milhões de rosas e marielles, em épocas distintas, mas organicamente vinculadas ao fio da História por uma caminhada perseverante na conquista dos direitos e poderes da mulher.

É preciso denunciar a violência e o feminicídio como instrumentos da disseminação do ódio no contexto da onda conservadora, mortífera em todos os sentidos, porque nega a verdade, repudia a lógica, ataca a Ciência, dissemina preconceito, fulmina direitos, semeia pesticidas, dizima os territórios e tantas outras perversidades. Ela é, em suma, um imenso deserto de eucaliptos.

Em defesa da vida e do futuro da Humanidade, a 9ª Joinpp segue prosperando como o alargamento de um território político em defesa da civilização.

Concomitante à proposta de implantação do Future-se, que mercantiliza a Universidade, a Joinpp reitera a Educação pública, o ensino, a pesquisa e a extensão como tripé da produção de conhecimento e fundamentais para o desenvolvimento humano.

Durante quatro dias, mais de mil pessoas ocuparam o Centro Pedagógico Paulo Freire em conferências, apresentação de artigos científicos, lançamento de livros e revistas, cursos de formação, relatos de pesquisa e extensão provenientes da graduação ao pós-doutorado.

A Jornada, em nove edições, reforça o papel das políticas públicas e dos seus sujeitos como respostas construídas nas lutas de classes organizadas e mediadas pelo Estado. Assim, o evento foi um proveitoso campo de aprendizado, convergências e divergências em torno do tema guia “Civilização ou barbárie: o futuro da humanidade”.

Contra a crença, temos Ciência. A Joinpp opta pela civilização, renascendo nos jovens oriundos da graduação em um constante processo de ensino-aprendizagem com os cientistas veteranos, dialogando sobre correntes teóricas, autores, metodologia e visões de mundo na construção dos objetos de pesquisa.

Abaixo a neutralidade da Ciência. A Joinpp tem lado e afeto pela civilização. A barbárie, celebração da morte, carrega o germe da sua própria destruição.

Marielle Franco e Rosa Luxemburgo, inspiradoras desta jornada, são a síntese da opção política pela democracia e afirmação do processo civilizatório, pelo trabalho e direitos, velhice mais dignidade, desenvolvimento com uso racional dos recursos naturais, liberdade de expressão e manifestação do pensamento, pluralidade, respeito às diferenças e arte para celebrar a vida.

A Joinpp ecoa as resistências ao pensamento único e se recusa a celebrar e adorar o mercado como única forma possível de sociabilidade.

Viva a balbúrdia!

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