Mais um caso de intolerância religiosa foi registrado em São Luís. Desta vez, no bairro de Itapera de Maracanã, na zona rural de São Luís. O fato ocorreu no último domingo (10/09), integrantes de uma igreja evangélica, liderados por um pastor, foram flagrados em frente ao Terreiro de Mina do pai de santo Nery de Oxum, com um carro de som proferindo palavras ofensivas, contra integrantes da casa, conforme vídeo que circulou em redes sociais.
Inconformado e indignado com as palavras ofensivas, o pai de santo Nery de Oxum, acompanhado por membros do terreiro de matriz africana, registrou na manhã de segunda-feira (11) um boletim de ocorrência na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e Conflitos Agrários, em São Luís.
“São 25 anos. Realizamos os nossos rituais de forma pacífica, sem nunca ter ofendido ninguém. Não saímos de nossa casa para atacar nenhuma religião ou seus membros. Exigimos respeito”, disse magoado e indignado o religioso Nery de Oxum.
Em nota, a Casa Fanti-Ashanti manifestou o seu repúdio ao ato de racismo religioso praticado contra o Pai Nery de Oxum. “A lamentável postura de líderes de designação religiosa evangélica, com exortações e palavras de ódio contra o terreiro mostra que posturas como essa correspondem a um modo específico de ataque racial, cada vez mais utilizado para atacar espaços religiosos de matriz africana no Maranhão”.
Por fim, a nota da Casa Fanti-Ashanti assinada pela Mãe Kabeca de Xangô “roga às autoridades que tomem providências céleres a fim de localizar os agressores e responsabilizá-los na forma da lei”.
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Quem também repudiou o ato foi a Iyalorixá Jô Brandão, coordenadora do Coletivo DAN EJI. “Vamos tomar as providências para proteger as pessoas de matriz africana que exercem a sua religião de forma pacífica e não vão para a porta de nenhuma igreja proferir palavras ofensivas ou de violência contra esses espaços. Não podemos nos calar diante de tantas violências e racismo que tem sido recorrente no Maranhão”, assinalou.
Entre os casos de violência está a depredação do monumento da Orixá Iemanjá, na Praia do Olho D’Água, em São Luís. A imagem foi atacada pela terceira, nas primeiras horas de 23 de julho deste ano de 2023.
Na época, povos e comunidades de terreiro, lideranças religiosas de matriz africana e outras organizações sociais, uniram forças em torno de uma agenda, cobrando do poder público uma resposta imediata.
Mas, o caso ainda não foi elucidado e os culpados não foram punidos na forma da lei. Os casos de racismo religiosos são cada dia mais comuns. Em abril de 2022, a Casa Fanti-Ashanti, também foi alvo de intolerância religiosa. Outros casos também já foram registrados este ano na capital maranhense.