Da Agência Tambor
Por: Paulo Vinicius Coelho
19/07/21
Foto: Francisco Colombo
A exposição Delírios da Quarentena, do artista ribamarense João de Deus, será exibida no Espaço de Arte Márcia Sandes, na Procuradoria Geral de Justiça, e no Espaço Ilzé Cordeiro, no Centro Cultural do Ministério Público, a partir dessa segunda-feira (19)
Na sexta (16), o Jornal Tambor conversou com João de Deus sobre as exposições, sua carreira como artista e professor universitário e o atual momento cultural do Brasil.
VEJA ABAIXO A ENTREVISTA
João de Deus afirmou que o principal tema das exposições é ‘’a tentativa de conviver com esse momento angustiante da pandemia e transformar isso em imagens exorcizando a morte e celebrando a vida’’
Delírios da Quarentena marca o retorno de João de Deus às galerias. ‘’Eu fiquei 20 anos sem desenhar e sem expor, dedicado a carreira como professor da UFMA na área de pedagogia’’ conta.
As versões artista e professor de João, entretanto, não se dissociam. Na carreira acadêmica, João de Deus pesquisou a vida e a obra poética de Cazuza. Como artista, João realiza aulas performances em apresentações multifacetadas com a presença do canto, da poesia, da literatura e de objetos simbólicos.
‘’Meu trabalho é muito baseado no inconsciente. Eu sou um estudioso do imaginário na educação e sei o valor do simbólico, do abstrato’’ acrescenta.
Diversos aspectos da pandemia são retratados nas exposições. O uso de máscaras, o trabalho dos profissionais de saúde, as experiencias do artista durante o isolamento e também as problemáticas sociais do período, destacadamente as queimadas na Amazônia e o morticínio no Brasil.
A técnica utilizada inclui tinta acrílica, giz de cera, colagens, desenhos a lápis e a carvão e tinta guache. Elementos a serviço da tentativa do artista de ‘’coagular no tempo a memória da pandemia.’’
A exposição poderá ser visitada virtualmente, na página do Centro Cultural do Ministério Público, e presencialmente, com agendamento por e-mail ([email protected]) ou pelo telefone 32191997.
Questionado sobre uma possível conexão entre as obras feitas no fim da década de 90 e os quadros apresentados agora, depois do hiato de mais de 20 anos, João de Deus declarou que ‘’algumas imagens adormecidas voltam, mas reelaboradas em outras técnicas’’.
O termo ‘’reelaborar’’ foi utilizado por João em outro momento da entrevista, dessa vez pra dizer que ‘’a arte ressignifica o real e reelabora o mundo’’.
João de Deus afirmou ainda que, na atual conjuntura, os artistas e os cientistas são os mais perseguidos porque ‘’estimulam a liberdade, a irreverência e a crítica’’.
Ao som de João e Maria, de Chico Buarque, João de Deus comentou que ‘’embora ainda não possamos estar juntos fisicamente, podemos estar no afeto, no respeito a arte, a cultura e a natureza’’
‘’Eu sei que é um chavão, mas eu não vejo outra saída para o mundo a não ser a disseminação do amor e não do ódio. Vamos nos amar mais!’’ finalizou.
Veja abaixo, em nosso canal no YouTube, a edição do Jornal Tambor com a entrevista do artista plástico João de Deus.
https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ
Ouça abaixo a entrevista, pela plataforma Spotify.